8º Encontro

Números

12 • outubro • 2025

Visão geral

Quarto livro do Pentateuco e da Torá. Números narra a longa caminhada do povo de Israel pelo deserto, desde o Sinai até as planícies de Moab, guiado por Moisés e Aarão. É o livro da provação e da fidelidade, que mostra Deus conduzindo seu povo passo a passo, enquanto Israel alterna entre a obediência e a rebeldia. É uma catequese sobre a confiança, a paciência e a presença divina que guia o povo em sua peregrinação.

Dados essenciais

  • Língua original: Hebraico bíblico

  • Títulos: ַבּמִדְבּר (Bemidbar) – “No deserto” (heb.); Ἀριθμοί (gr.) – “Números”; Numeri (lat.)

  • Coleção: Pentateuco / Torá

  • Autoria/tradição: Atribuído a Moisés; compilação de tradições javistas, eloístas e sacerdotais unificadas no Exílio (séc. VI a.C.)

  • Cenários: Deserto do Sinai, deserto de Parã, Cades e planícies de Moab

  • Horizonte histórico: Século XIII a.C. — quarenta anos de peregrinação até as fronteiras de Canaã

Megatemas (palavras-chave)
Recenseamento e Organização; Rebelião e Provação; Caminhada e Fidelidade; Deserto e Purificação; Canaã e Promessa.

Nomes de Deus no livro: YHWH (Senhor), Elohim (Deus), Iahweh Sebaot (Senhor dos Exércitos).


Estrutura do conteúdo

I) Preparação no Sinai (Nm 1–10)
  • Recenseamento das tribos: organização do povo e dos levitas, preparação para a partida.

  • Ordem do acampamento: as tribos dispostas ao redor da Tenda da Reunião, com a Arca no centro.

  • Leis complementares: pureza, nazireato e bênção aarônica.

  • Consagração e oferendas: dedicação do altar e dos levitas ao serviço de Iahweh.

  • A Páscoa e a partida: celebração da libertação e o início da marcha rumo à Terra Prometida.

II) A caminhada e as rebeliões no deserto (Nm 11–21)
  • Murmurações e castigos: o povo reclama da comida, e Deus envia codornizes e punições.

  • Maria e Aarão contra Moisés: orgulho e correção divina.

  • Exploração de Canaã: os doze espiões e a incredulidade do povo; castigo: quarenta anos no deserto.

  • Rebeliões e sinais: Coré, Datã e Abirão se revoltam; o ramo de Aarão floresce.

  • As águas de Meriba: Moisés e Aarão desobedecem; a sentença de não entrar na Terra Prometida.

  • A serpente de bronze: símbolo da salvação — figura de Cristo (Jo 3,14-15).

III) Chegada às planícies de Moab (Nm 22–36)
  • Balaão e Balac: o profeta pagão abençoa Israel por ordem de Deus.

  • Nova geração e novo censo: preparação para a entrada em Canaã.

  • Josué, sucessor de Moisés: transição da liderança.

  • Leis e sacrifícios: renovação das prescrições cultuais e dos votos.

  • Partilha da Terra: fronteiras, cidades de refúgio e herança das tribos.


Como ler com o Theophilus

  • Olhar de fé: Números ensina que o deserto é o lugar da prova, mas também da fidelidade e da presença divina.

  • Cristo no deserto: Jesus revive a caminhada de Israel e vence as tentações, tornando-se o novo Moisés.

  • O recenseamento espiritual: somos chamados a “ser contados” entre o povo santo de Deus.

  • Leitura orante: cada murmuração e reconciliação ensina a confiar na providência divina.


Para aprofundar no encontro

  • Leituras da semana: capítulos centrais de Números conforme o plano Theophilus.

  • Materiais: slides, PDFs, imagens e referências litúrgicas.

  • Objetivo: reconhecer o deserto como caminho de purificação e aprender a caminhar com perseverança rumo à promessa.

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Nm 8-22; Sl 90

Resumo

III. Oferendas dos Chefes e Consagração dos Levitas (Nm 7–8)

O livro de Números apresenta neste ponto a dedicação dos príncipes das tribos e a consagração dos levitas ao serviço sagrado. O gesto de ofertar e de ser consagrado expressa o reconhecimento da soberania divina sobre toda a nação.

Pars Prima – Praeparatio ante discessum e Sinai

  • Oferenda de carros
  • Oferenda da dedicação
  • As lâmpadas do candelabro
  • Os levitas são oferecidos a Iahweh
  • O tempo de serviço dos levitas

Os levitas são apresentados como mediadores do culto e guardiões da santidade. A luz do candelabro, símbolo da presença divina, recorda que toda oferenda deve ser iluminada pela fé.


IV. A Páscoa e a Partida (Nm 9–10)

Antes de deixar o Sinai, o povo celebra a Páscoa da fidelidade. A presença da nuvem e o toque das trombetas marcam o início da marcha santa. Deus caminha à frente, conduzindo Israel rumo à promessa.

Pars Secunda – A monte Sinai ad Cades

  • Data da Páscoa
  • Caso particular
  • A Nuvem
  • As trombetas
  • A ordem de partida
  • Proposta de Moisés a Hobab
  • A partida

A jornada começa sob o sinal da obediência. O som das trombetas ecoa como chamado à comunhão e à vigilância — Deus caminha junto ao seu povo.


V. Etapas no Deserto (Nm 11–14)

O deserto se torna o cenário das provações e das murmurações. O povo experimenta a própria fragilidade diante da fidelidade de Deus. É aqui que Israel aprende que caminhar com Deus é confiar, mesmo quando tudo parece faltar.

Pars Secunda – A monte Sinai ad Cades

  • Tabera
  • Cibrot-Ataava – Queixas do povo
  • Intercessão de Moisés
  • A resposta de Iahweh
  • Efusão do Espírito
  • As codornizes
  • Maria e Aarão contra Moisés
  • Resposta divina
  • Intercessão de Aarão e de Moisés
  • Exploração de Canaã
  • O relatório dos enviados
  • Revolta de Israel
  • Ira de Iahweh e intercessão de Moisés
  • Perdão e castigo
  • Tentativa fracassada dos israelitas

Deus pune, mas também perdoa. A terra prometida permanece como sinal da fidelidade divina, que ultrapassa o pecado humano.


VI. Disposições sobre os Sacrifícios e Poderes dos Sacerdotes e Levitas (Nm 15–19)

Os capítulos seguintes tratam das leis litúrgicas e sacerdotais, reafirmando o culto como meio de santificação e reconciliação. Cada rito recorda que o Senhor é santo e deseja um povo santo.

Pars Tertia – A populi damnatione usque ad quadragesimum peregrinationis annum

  • A oblação que acompanha os sacrifícios
  • As primícias do pão
  • Expiação das faltas cometidas por inadvertência
  • Violação do sábado
  • As borlas das vestes
  • Rebelião de Coré, Datã e Abiram
  • O castigo
  • Os incensórios
  • A intercessão de Aarão
  • O ramo de Aarão
  • O papel expiatório do sacerdócio
  • A parte dos sacerdotes
  • A parte dos levitas
  • Os dízimos
  • As cinzas da novilha vermelha
  • Caso de impureza
  • Ritual das águas lustrais

O serviço sacerdotal é memória viva do cuidado divino. As leis de pureza, os sacrifícios e o sacerdócio recordam que a santidade é comunhão com o Deus que habita no meio de seu povo.


VII. De Cades a Moab (Nm 20–25)

Depois de muitos anos, Israel aproxima-se da Terra Prometida. Porém, ainda enfrenta novas crises, como em Meriba, onde Moisés e Aarão desobedecem ao mandamento de Deus. O povo, novamente provado, descobre que a salvação vem pela fé e pela obediência.

Pars Tertia – A populi damnatione usque ad quadragesimum peregrinationis annum

  • As águas de Meriba
  • Castigo de Moisés e de Aarão
  • Edom recusa passagem
  • Morte de Aarão
  • Tomada de Horma
  • A serpente de bronze
  • Etapas em direção à Transjordânia
  • Conquista da Transjordânia

“Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crer tenha a vida eterna.” (Jo 3,14-15)

A serpente de bronze aponta para Cristo crucificado: aquele que contempla o Crucificado com fé encontra a cura e a vida. O deserto de Números torna-se profecia do mistério pascal.


Salmo 90 (89) – A Fragilidade do Homem

Súplica. De Moisés, homem de Deus.

O salmo que acompanha esta parte da leitura expressa a consciência da brevidade da vida e da eternidade de Deus. Moisés reconhece a dependência humana da misericórdia divina e pede que o Senhor ensine o coração a contar os dias com sabedoria.

“Sacia-nos desde cedo com o teu amor, para que nos alegremos todos os dias.” (Sl 90,14)

As doze tribos de Israel - Parte I

Resumo

TEMA VIII – AS FESTAS DO ANTIGO TESTAMENTO

O Surgimento das 12 Tribos e o Livro dos Números

O Surgimento das 12 Tribos de Israel

Em Gênesis 29,31–30,24 e 35,16–22 são relatados os nascimentos dos doze filhos de Jacó, cujo nome foi mudado para Israel. Esses filhos deram origem às tribos que formaram o povo de Deus.

Com o tempo, a tribo de Levi foi separada para o serviço ao Senhor, não recebendo território próprio. Em seu lugar e no de José, entram seus filhos Manassés e Efraim, adotados por Jacó (Gn 48,8ss). Assim, as doze tribos se compõem de:

  • Rubén
  • Simeão
  • Judá
  • Neftali
  • Gad
  • Aser
  • Issacar
  • Zabulon
  • Manassés
  • Efraim
  • Benjamim

Os levitas foram espalhados entre as tribos para servir como sacerdotes. Mais tarde, sob Saul, Davi e Salomão, o povo foi unificado, mas após a morte de Salomão houve divisão:

  • Reino do Sul: Judá e Benjamim (capital Jerusalém)
  • Reino do Norte: As outras 10 tribos (capital Samaria)

Filhos de Jacó e Descendência

NomeMãeReferência BíblicaDescendência / Figura Importante
RubenLiaGn 29,32; Dt 33,6
SimeãoLiaGn 29,33; Js 19,1-9
LeviLiaGn 29,34; Dt 33,8-11Moisés, Aarão
JudáLiaGn 29,35; Dt 33,7Davi, Salomão, Jesus
BalaGn 30,5-6
NeftaliBalaGn 30,7-8
GadZelfaGn 30,10-11
AserZelfaGn 30,12-13
IssacarLiaGn 30,17-18
ZabulonLiaGn 30,19-20
JoséRaquelGn 30,23-24
BenjamimRaquelGn 35,16-18Saul, Paulo

Simbolismo das Tribos

TriboSignificadoSímboloPedra
RubenDeus viu a afliçãoPalmeiraRubi
SimeãoDeus ouviuCidadeEsmeralda
LeviTerceiroTabernáculoTopázio
JudáGlóriaLeãoCarbúnculo
Deus fez justiçaSerpenteJacinto
NeftaliLutei as lutas de DeusGazelaÁgata
GadQue sorte!TendaAmetista
AserQue felicidade!Pão e TrigoCrisólito
IssacarMeu salárioSol e luaSafira
ZabulonBelo presenteNavioDiamante
JoséQue Deus dê outroRamo frutíferoÔnix
BenjamimFilho da direitaLobo

O Livro dos Números – A Partida

O quarto livro da Torá narra a caminhada de Israel no deserto, desde o Sinai até Moab, sob a liderança de Moisés e Aarão. O nome “Números” vem das listas e censos presentes no texto. É uma história de fé, murmuração, perdão e perseverança na aliança com Deus.

Estrutura:

  • 1ª Sessão (Caps. 1–10): Preparativos no deserto do Sinai – recenseamento, leis complementares, dedicação da Tenda e segunda Páscoa.
  • 2ª Sessão (Caps. 11–21): Viagem do Sinai a Moab – murmurações, intercessão de Moisés, serpente de bronze e conquistas.
  • 3ª Sessão (Caps. 22–36): Nas planícies de Moab – história de Balaão, pecado em Fegor, nova liderança (Josué) e prescrição para entrada em Canaã.

Mensagem central: Deus é fiel à sua promessa e caminha com o seu povo, mesmo quando este falha. A fidelidade divina sustenta o caminho da Aliança.

O Livro do Deuteronômio – A Aliança e o Amor de Deus

O Deuteronômio (“Segunda Lei”) reúne os discursos finais de Moisés antes da entrada em Canaã. É um chamado à fidelidade ao Deus único e à centralização do culto, com ênfase na fraternidade e justiça social.

Divisão do Livro:

  • I. Introdução (1,1–5): Preparação e recordação do caminho.
  • II. Primeiro Discurso (1,6–4,43): Recordação do passado e exortação à fidelidade.
  • III. Segundo Discurso (4,44–28,68): Coração do livro – Código Deuteronômico e Aliança.
  • IV. Terceiro Discurso (28,69–30,20): Instruções finais e bênçãos.
  • V. Apêndice (31,1–34,12): Canções, bênçãos e morte de Moisés.

Mensagem central: Deus é um só. Servi-Lo implica amar, obedecer e viver em comunhão. “Ouve, Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6,4).

Conclusão

As tribos de Israel, o deserto de Números e a Aliança do Deuteronômio mostram o mesmo fio condutor: Deus é fiel e deseja caminhar com o Seu povo. O Senhor chama cada um a ser parte dessa história sagrada, perseverando na escuta da Sua Palavra.

CIC 751-752: A "assembleia" do AT e a Igreja

Resumo

CIC 751–752 – A Assembleia e a Igreja

1) Abertura e objetivo

O encontro de hoje convida-nos a compreender o verdadeiro sentido da palavra Igreja: não apenas uma instituição ou um edifício, mas uma assembleia convocada por Deus. Desde o Antigo Testamento, o Senhor reúne o seu povo para escutar a sua voz, caminhar em sua presença e viver em aliança. No Novo Testamento, essa assembleia encontra sua plenitude em Cristo, que chama cada um de nós pelo nome e nos une no mesmo Corpo, sustentado pela Palavra e pela Eucaristia.

2) O que ensina o Catecismo (CIC 751–752)

O Catecismo recorda que o termo Igreja vem do grego ekklesía, que significa “convocação”. A Igreja é, portanto, o povo que Deus chama para fora — para fora da dispersão, do isolamento e do pecado — a fim de formar uma comunidade reunida pela fé. Essa ideia já estava presente no Antigo Testamento, quando o povo de Israel se reunia diante de Deus, especialmente no Sinai, para ouvir sua Palavra e renovar a Aliança.

Com Cristo, essa convocação ganha um novo sentido: agora é o próprio Filho de Deus quem nos chama, e a Igreja nasce da sua entrega na cruz e da efusão do Espírito Santo. Por isso, a Igreja é ao mesmo tempo humana e divina, visível e espiritual: é o povo reunido na história, mas sustentado pela graça que vem do alto.

O Catecismo também explica que a palavra “Igreja” tem três sentidos inseparáveis: ela é a assembleia litúrgica, a comunidade local e a Igreja universal. Cada celebração, cada paróquia e cada comunidade expressam o mesmo mistério: somos todos o povo que Deus reúne no mundo inteiro para formar o Corpo de Cristo.

3) O coração da mensagem

Quando a Bíblia fala da assembleia de Deus, não se trata de uma simples reunião de pessoas, mas de um chamado divino. Deus é quem toma a iniciativa, e o homem responde com fé. A Igreja é, portanto, o encontro entre a voz que chama e o coração que escuta. É nesse encontro que nasce a comunhão e a missão.

Celebrar a Eucaristia é participar plenamente dessa convocação. Na Palavra, Deus nos fala; no pão e no vinho, Cristo se entrega; e no envio final, o Espírito nos impulsiona a ser Igreja no mundo. Assim, cada liturgia torna visível aquilo que a Igreja é: o povo reunido por Deus para ser sinal de unidade e instrumento de salvação.

4) Pontos de meditação

  • A Igreja não é uma invenção humana, mas o fruto do chamado de Deus que deseja reunir os seus filhos dispersos.
  • Desde o Sinai até Pentecostes, a história da salvação é o caminho de um povo que aprende a caminhar unido sob a presença de Deus.
  • Somos Igreja quando ouvimos a Palavra, partilhamos o Pão e vivemos a comunhão fraterna.
  • Na Eucaristia, recebemos o Corpo de Cristo e nos tornamos Corpo de Cristo: um só coração e uma só alma.
  • A assembleia litúrgica é o espelho da Igreja: nela se revela quem somos e o que somos chamados a ser.

5) Passagens bíblicas para rezar

  • Êxodo 19–24: o povo reunido diante de Deus no Sinai, para escutar e selar a Aliança.
  • Mateus 16,13–19: Cristo confia a Pedro o cuidado da Igreja nascente.
  • Atos 2,42–47: a comunidade primitiva vive unida na doutrina, na partilha e na oração.
  • 1Coríntios 12: muitos membros, mas um só corpo em Cristo.

6) Partilha em grupo

Depois de ouvir e meditar, partilhem brevemente:

  1. O que mais te ajuda a perceber que a Igreja é uma convocação de Deus e não apenas uma organização humana?
  2. De que forma a nossa comunidade local manifesta os três sentidos da Igreja: litúrgico, local e universal?
  3. Como a participação na Eucaristia transforma o teu modo de viver a fé no dia a dia?

7) Dinâmica de vivência

“Chamados pelo Nome” – Cada participante escreve em um papel: “Hoje o Senhor me convoca a…”. Após alguns minutos, em duplas, compartilhem o que escreveram. Em seguida, coloquem os papéis diante da Bíblia ou do altar, como sinal do povo que responde ao chamado de Deus.

8) Oração final

Senhor Jesus, que reúnes o teu povo pela Palavra e pela Eucaristia, faze de nós uma verdadeira assembleia de discípulos. Ensina-nos a escutar a tua voz, a permanecer unidos no teu Corpo e a sermos testemunhas do teu amor no mundo. Espírito Santo, renova em nós a alegria de sermos Igreja. Amém.

9) Materiais visuais (opcional)

  • Capa – CIC 12.10.2025_Página_1Resultado.webp
  • Título – CIC 12.10.2025_Página_2Resultado.webp
  • CIC 751 – CIC 12.10.2025_Página_3Resultado.webp
  • CIC 752 – CIC 12.10.2025_Página_4Resultado.webp
  • Resumo – CIC 12.10.2025_Página_5Resultado.webp

Baseado no Catecismo da Igreja Católica (751–752). Theophilus — “amigos de Deus, reunidos na Palavra”.

CULTURA: como se vestiam os sacerdotes - Lv

Resumo

Obra: “Balaão e a Jumenta” – Rembrandt van Rijn

Esta pintura, de autoria do pintor e gravador holandês Rembrandt van Rijn, é um óleo sobre painel de carvalho (63,2 cm x 46,5 cm), datado de 1626, quando o artista tinha apenas 20 anos. A obra está exposta no Museu Cognacq-Jay, em Paris, França.

Contexto Bíblico e Temática

A pintura retrata o episódio bíblico do jumento falante e o profeta Balaão (cf. Nm 22,20-35). Balaão, conhecido por sua sabedoria, foi procurado por Balac, rei de Moab, que temia a chegada dos israelitas ao seu território. O rei ofereceu recompensas para que Balaão amaldiçoasse o povo de Israel. Durante a viagem, Deus envia um anjo para impedir Balaão, e sua jumenta, ao ver o anjo, se desvia. Por não compreender o motivo das paradas do animal, Balaão o espanca três vezes, até que o próprio Deus faz a jumenta falar. O profeta então reconhece o milagre, entende a vontade divina e abençoa Israel três vezes.

Composição e Elementos Visuais

A cena concentra-se no grupo central formado por Balaão, a jumenta e o anjo. Balaão, com barba e cabelos brancos esvoaçantes, veste um manto vermelho e segura um bastão prestes a golpear o animal. Acima dele, um anjo de grandes asas abertas aparece erguendo uma espada, prestes a intervir. Balaão não o vê; olha para a jumenta, enquanto o anjo o encara, criando uma tensão dramática de olhares e gestos.

Expressividade e Simbolismo

A jumenta é representada de joelhos, em sinal de submissão e medo, com o alforje quase tocando o chão. Seus olhos aterrorizados e orelhas tensas expressam a intensidade do momento. Rembrandt transmite compaixão pelo animal injustamente tratado, levantando a pergunta: “De quem ela tem mais medo – de Balaão ou do anjo?”.

Detalhes e Cores

No canto inferior direito, folhas escuras sugerem a vinha mencionada na narrativa bíblica (Nm 22,24). Ao fundo, em posição elevada e iluminada, estão os príncipes moabitas que acompanhavam Balaão, enquanto nas sombras aparecem os dois servos que o seguiam. A túnica branca do anjo cria o fundo luminoso que destaca a cabeça da jumenta e harmoniza com os tons claros do alforje e dos dentes do animal. A jumenta contrasta com o cavalo impassível dos moabitas, ressaltando o tema da visão espiritual versus cegueira humana.

Técnica e Inspiração

A técnica meticulosa e o uso sofisticado das cores já demonstram o talento precoce de Rembrandt. A obra mostra clara influência de Pieter Lastman, mestre de Rembrandt, que havia retratado o mesmo tema. Cada detalhe – as vestes, os turbantes, as asas, os papéis caídos – revela o cuidado do artista e sua busca por transmitir profundidade emocional e espiritual.

Mensagem Espiritual e Moral

O episódio é repleto de ironia e ensinamento espiritual: um profeta que não vê o que o animal vê; um homem mais teimoso que sua própria montaria; e uma jumenta que se torna instrumento da voz de Deus. A narrativa lembra que o verdadeiro discernimento vem de Deus, e que até as criaturas mais simples podem ser portadoras da Sua vontade. Ao fim, Balaão compreende o sinal divino e obedece à Palavra, tornando-se instrumento de bênção e não de maldição.

Números – Semana 9

Nona Semana – A Fidelidade de Deus e o Novo Tempo de Israel

Nesta nona semana, a Escritura nos conduz pelas últimas etapas da travessia rumo à Terra Prometida. O povo de Israel, após cruzar o deserto da indecisão, chega às colinas de Moab, onde se desenrolam episódios de bênção, queda, justiça e renovação (cf. Nm 22–36).

Balaão: Do Feitiço à Bênção

O profeta Balaão, convocado para amaldiçoar Israel, é movido pelo Espírito a proclamar apenas palavras de bênção: “Como amaldiçoarei aquele a quem Deus abençoou?” (cf. Nm 23–24). No alto dos montes, a vontade do Altíssimo prevalece sobre a ambição dos homens.

A Queda em Moab e o Zelo de Finéias

Logo após, o povo cede à sedução das filhas de Moab, caindo em idolatria diante de Baal (cf. Nm 25,1–3). Então surge Finéias, filho de Eleazar, cuja ação decisiva interrompe a corrupção e restaura a aliança (cf. Nm 25,7–8.10–13). A paz retorna como dom da justiça divina.

O Novo Censo e as Filhas de Salfaad

Deus ordena um novo recenseamento (cf. Nm 26,1–2), marcando o surgimento de uma geração renovada — filhos que herdarão o que os pais perderam. Entre os nomes, cinco mulheres se destacam: as filhas de Salfaad, que reivindicam o direito à herança (cf. Nm 27,1–7). O Senhor acolhe sua voz: “As filhas de Salfaad falaram corretamente.” Assim, a justiça divina inclui também aquelas que antes não tinham voz.

A Transmissão da Liderança a Josué

Moisés, o pastor de olhos cansados e coração obediente, contempla ao longe a terra que não pisará (cf. Nm 27,12–14). Sob o desígnio do Altíssimo, ele confia o cajado a Josué, homem de espírito e fidelidade (cf. Nm 27,18–23). É uma transição sagrada, símbolo da continuidade da missão e da fidelidade divina.

As Instruções do Senhor

O Senhor organiza o culto do seu povo: festas, sacrifícios e votos (cf. Nm 28–30). Cada prática transforma o cotidiano em liturgia e a caminhada em adoração. Israel aprende a viver o tempo segundo o ritmo da presença de Deus.

A Guerra contra os Midianitas

Antes do repouso, vem o combate (cf. Nm 31,1–7). Israel guerreia contra os midianitas, e Balaão — agora traidor — cai entre os inimigos (cf. Nm 31,8.16). Essa batalha representa purificação e juízo, como se Deus limpasse o solo antes de entregá-lo a seus filhos.

A Terra de Além do Jordão

As tribos de Rúben, Gade e metade de Manassés pedem para habitar do lado oriental do Jordão (cf. Nm 32,1–5). Moisés consente com uma condição: que participem da luta junto aos irmãos (cf. Nm 32,20–24). Assim, a unidade do povo prevalece sobre o interesse pessoal.

As Etapas da Jornada e as Fronteiras de Canaã

Moisés registra cada passo da viagem, de Ramessés a Abel-Sitim (cf. Nm 33,1–49), transformando o caminho em memória e gratidão. Depois, o Senhor define as fronteiras da Terra Prometida (cf. Nm 34,1–12) e estabelece cidades levíticas — quarenta e oito ao todo, seis delas de refúgio (cf. Nm 35,1–34), para que até o culpado por acidente encontre abrigo. O Deus da justiça é também Deus de misericórdia.

Conclusão – O Deus da Fidelidade

A marcha de quarenta anos se encerra com a promessa cumprida: a terra está diante deles. O tempo do deserto termina, mas a fidelidade divina permanece. Deus não apenas conduz, Ele completa. E, no horizonte da Terra Prometida, brilha o sinal de um Deus que cumpre cada palavra dada a seu povo. Eis o Deus da fidelidade.

Ficou com alguma dúvida?

Nos diga abaixo que iremos te responder em nosso próximo encontro ou em nossa página de DÚVIDAS (clique aqui)

Exemplo: Encontro de Domingo - Gênesis 38-50