11º Encontro

Dt 21-34; Sl 91

2 • novembro • 2025

Visão geral

Quinto e último livro do Pentateuco e da Torá, Deuteronômio (do grego Deuteronomion, “segunda lei”) apresenta o grande discurso de despedida de Moisés, às vésperas da entrada do povo na Terra Prometida. É uma síntese espiritual e moral de toda a caminhada de Israel, um apelo à fidelidade e à memória. Nele, a Lei é renovada, o pacto é reafirmado e o coração do povo é chamado a amar e obedecer a Deus de todo o coração e de toda a alma (Dt 6,4-5). Trata-se de um livro profundamente catequético, que transforma a história em lição de fé e obediência, convidando cada geração a renovar sua aliança com o Senhor.

Dados essenciais

  • Língua original: Hebraico bíblico

  • Títulos: דְּבָרִים (Devarim) – “Palavras” (heb.); Δευτερονόμιον (gr.) – “Segunda Lei”; Deuteronomium (lat.)

  • Coleção: Pentateuco / Torá

  • Autoria/tradição: Atribuído a Moisés; compilação e redação final no período exílico (séc. VII–VI a.C.), vinculada à tradição deuteronomista

  • Cenários: Planícies de Moab, às margens do rio Jordão, diante de Jericó

  • Horizonte histórico: Fim do êxodo; transição da liderança de Moisés para Josué; recordação das alianças anteriores

Megatemas (palavras-chave)
Aliança e Memória; Lei e Coração; Obediência e Amor; Bênção e Maldição; Fidelidade e Herança.

Nomes de Deus no livro: YHWH (Senhor), Elohim (Deus), Adonai (Senhor soberano).


Estrutura do conteúdo

I) Prólogo histórico e exortações iniciais (Dt 1–4)
  • Recordação da caminhada: Moisés relembra a trajetória desde o Sinai até Moab, sublinhando as provas e vitórias.

  • Lições do deserto: a fidelidade de Deus e a infidelidade do povo tornam-se escola espiritual.

  • Exortação à obediência: chamada à escuta e à observância dos mandamentos como condição para possuir a Terra.

II) O grande código da aliança (Dt 5–26)
  • Renovação dos Dez Mandamentos: proclamação solene da Lei como pacto de amor (Dt 5).

  • O Shema Israel: confissão central da fé: “Ouve, Israel! O Senhor é o nosso Deus, o Senhor é um!” (Dt 6,4-5).

  • Leis e estatutos: normas sobre culto, justiça, vida social, pureza, economia e solidariedade.

  • O coração da Lei: não basta cumprir, é preciso amar — obedecer por amor e gratidão.

  • Dimensão social e espiritual: o cuidado com os pobres, estrangeiros, órfãos e viúvas torna-se sinal de fidelidade a Deus.

III) Bênção, maldição e renovação da aliança (Dt 27–30)
  • Cerimônia da aliança em Siquém: o povo é convocado a escolher entre bênção e maldição.

  • Conversão e misericórdia: mesmo após a infidelidade, Deus promete restaurar o povo arrependido.

  • “Escolhe a vida!”: apelo final de Moisés à decisão pelo amor e pela fidelidade (Dt 30,15-20).

IV) Sucessão e morte de Moisés (Dt 31–34)
  • Josué é confirmado como sucessor: a missão continua, conduzida pelo mesmo Deus fiel.

  • Cântico e bênção de Moisés: síntese poética da história da salvação e profecia sobre as tribos.

  • Morte de Moisés: o servo de Deus contempla a Terra Prometida do alto do monte Nebo e é sepultado pelo próprio Senhor.


Como ler com o Theophilus

  • Olhar de fé: Deuteronômio é um livro-chave para compreender a espiritualidade bíblica da memória: lembrar é crer novamente.

  • Cristo, o novo Moisés: Jesus retoma e cumpre a Lei no Sermão da Montanha, revelando seu sentido pleno no amor.

  • A nova aliança: a Lei gravada no coração (cf. Jr 31,33) realiza-se no Espírito Santo derramado sobre os fiéis.

  • Leitura orante: cada exortação de Moisés torna-se convite à conversão e à confiança total em Deus.


Para aprofundar no encontro

  • Leituras da semana: trechos centrais de Deuteronômio (Dt 5–11; 27–30) conforme o plano Theophilus.

  • Materiais: textos e slides sobre o Shema Israel, mapas do Êxodo e comentários patrísticos.

  • Objetivo: compreender o Deuteronômio como o coração pedagógico da Torá — um convite a amar a Deus com todo o ser e a transformar a memória em fidelidade viva.

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Dt 21-34; Sl 91

Resumo

Parte Final do Livro do Deuteronômio (Dt 21–34)

O Segundo Discurso de Moisés (Dt 21–26)

Nos capítulos finais do Segundo Discurso, Moisés apresenta uma série de leis que visam preservar a justiça, a pureza e a dignidade da vida dentro da comunidade de Israel. São normas que tratam tanto da vida civil quanto religiosa, expressando o cuidado de Deus em ordenar todos os aspectos do convívio humano.

  • Dt 21–22: Leis sobre homicídios desconhecidos, prisioneiras de guerra, direitos de primogenitura, filhos rebeldes e diversas prescrições morais. Também abordam questões de pureza e justiça nas relações conjugais, com normas contra o adultério e a fornicação.
  • Dt 23–24: Regulamentações sobre pureza no acampamento, participação nas assembleias cultuais e leis sociais. Incluem orientações sobre divórcio e medidas de proteção aos mais vulneráveis, reafirmando a necessidade da fidelidade e do respeito à vida familiar (cf. Mc 10,3–9).
  • Dt 25–26: Regras sobre o levirato (casamento do cunhado com a viúva), o pudor nas disputas, e instruções sobre as ofertas das primícias e o dízimo trienal. Esses capítulos unem a vida social ao culto, mostrando que a fé deve se traduzir em práticas concretas de justiça e solidariedade.

O Terceiro Discurso de Moisés (Dt 27–30)

O Discurso Conclusivo reafirma a Aliança entre Deus e Israel nas planícies de Moab. Moisés convoca o povo à obediência e à fidelidade, descrevendo as bênçãos e maldições que resultam das escolhas humanas. A Lei é inscrita em pedra e proclamada diante de todos, simbolizando a permanência da palavra divina.

  • Dt 27–28: As cerimônias de renovação da aliança são realizadas; o povo é chamado a escolher a bênção da obediência ou a maldição da infidelidade.
  • Dt 29–30: Moisés recorda a história de Israel e prevê o exílio como consequência da desobediência, mas também anuncia o retorno e a conversão dos corações. O livro culmina com a célebre escolha: “Coloco diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois, a vida” (Dt 30,15–19; cf. Mc 8,34–35).

Os Últimos Atos e a Morte de Moisés (Dt 31–34)

Nos capítulos finais, o livro descreve os últimos atos de Moisés e a transição da liderança para Josué. Moisés entrega a Lei, ordena sua leitura pública e entoa o grande Cântico de Moisés (Dt 32), que testemunha a fidelidade de Deus e a ingratidão do povo. Ele abençoa cada tribo de Israel e contempla, de longe, a Terra Prometida.

  • Dt 31: Josué é designado sucessor; a Lei é colocada junto da Arca da Aliança, símbolo da presença divina.
  • Dt 32–34: O cântico de Moisés exalta Deus como Rocha e Redentor. Moisés morre no monte Nebo, diante de Canaã, e é sepultado pelo próprio Senhor. A Escritura conclui: “Em Israel nunca mais surgiu profeta como Moisés, a quem o Senhor conhecia face a face” (Dt 34,10).

Conclusão – Fim do Pentateuco

O Deuteronômio encerra não apenas a jornada de Moisés, mas todo o Pentateuco, coroando a revelação da Lei e da Aliança. O livro mostra que a verdadeira terra prometida não é apenas geográfica, mas espiritual — é o espaço do coração fiel que escolhe viver segundo a palavra de Deus. Com Moisés termina uma era, mas nasce o testemunho de um povo que viverá pela Lei e pela esperança.

Js 24 = Assembleia de Siquém: Israel escolhe servir ao Senhor

Resumo

JS 24 – A ASSEMBLEIA DE SIQUÉM

Israel escolhe servir ao Senhor

Introdução

O livro de Josué narra cerca de vinte anos de liderança de Josué, sucessor de Moisés, encarregado de conduzir o povo à Terra Prometida (cf. Dt 31,1-8). Pode ser dividido em três partes: conquista da terra (caps. 1–12), distribuição (caps. 13–21) e encerramento com a Assembleia de Siquém (caps. 22–24).

Já idoso, Josué reúne o povo em Siquém, local sagrado entre os montes Garizim e Ebal, para renovar a Aliança com Deus, conforme ordenado em Dt 11,29-32.

Por que Siquém?

Siquém foi cenário de eventos decisivos: ali Deus apareceu a Abraão (Gn 12,6-8), Jacó fixou residência e ergueu um altar (Gn 33,18-20), sepultou ídolos e comprou terras (Gn 35,1-4; Js 24,32). Tornou-se símbolo da memória e fidelidade de Israel, o primeiro santuário da Arca da Aliança antes de Jerusalém. No Novo Testamento, é a “cidade de Sicar”, onde Jesus encontra a samaritana (Jo 4,5).

A Assembleia de Siquém

Josué convocou todas as tribos, chefes e anciãos diante de Deus. Recordou a história da salvação e exortou o povo a abandonar os ídolos dos antepassados. Essa assembleia uniu tribos que tinham origens diversas — do Egito, da Mesopotâmia e da própria Palestina — em um mesmo pacto de fé com o Senhor.

Memória e Aliança

Josué falou como pai espiritual, convidando o povo a recordar as obras de Deus: o chamado de Abraão, a libertação do Egito, a travessia do deserto e a posse da terra. A fidelidade nasce da gratidão: lembrar o que Deus fez é o primeiro passo para permanecer fiel.

A escolha de Israel

“Escolhei hoje a quem quereis servir… Quanto a mim e à minha casa, nós serviremos ao Senhor.” (Js 24,15)

Josué propôs uma decisão livre e consciente. A fé não é imposta, mas escolhida. O povo respondeu com entusiasmo e reafirmou a fidelidade, enquanto Josué advertiu que servir ao Senhor exige constância e conversão. Como sinal da aliança, escreveu tudo no livro da Lei e ergueu uma pedra memorial em Siquém.

Sentido espiritual

A Assembleia de Siquém resume a teologia do livro de Josué:

  • Fidelidade de Deus que cumpre suas promessas;
  • Liberdade humana para escolher o Senhor;
  • Aliança como dom e compromisso.

Foi uma verdadeira liturgia da escolha: o povo reafirmou o “sim” do Sinai dentro da terra conquistada. O pacto uniu fé e solidariedade, formando um único povo sob o mesmo Deus.

Leitura à luz do Novo Testamento

Para os cristãos, Siquém representa o momento da decisão interior. Cada Eucaristia é uma nova assembleia: Deus recorda Suas obras e renova a Aliança, e nós respondemos “Amém!”.

Os “deuses estrangeiros” de hoje são as atitudes que substituem Deus em nossa vida:

  • a autossuficiência e o orgulho, que recusam servir;
  • a arrogância e a prepotência, que rompem a comunhão;
  • a ilusão do dinheiro e do sucesso, que ofusca a fé;
  • o individualismo, que fecha o coração ao próximo.

Jesus retoma o mesmo chamado: “Ninguém pode servir a dois senhores” (Mt 6,24). A fé cristã é escolha diária de fidelidade e conversão.

Conclusão

Josué encerra sua missão com um gesto simbólico: escreve o pacto e ergue uma pedra como memorial da Aliança. Também nós precisamos de “pedras de fidelidade”: oração, sacramentos, serviço e caridade. Como Josué, somos convidados a repetir: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor.” (Js 24,15)

CIC 2301: A Igreja permite a cremação?

Resumo

O Catecismo da Igreja Católica ensina que a cremação pode ser moralmente admitida, desde que não coloque em dúvida a fé na ressurreição dos mortos. A Igreja, portanto, não a proíbe, mas recomenda que se mantenha o piedoso costume de sepultar os corpos dos fiéis, como sinal de esperança e de respeito ao mistério da vida e da morte.

Desde os primeiros séculos, os cristãos escolheram o sepultamento como testemunho de fé na ressurreição de Cristo e na dignidade do corpo humano. O corpo, criado por Deus e habitado pelo Espírito Santo, participa da santidade da pessoa e aguarda a sua glorificação. Por isso, o gesto de sepultar não é apenas cultural ou simbólico: é expressão de fé. Ao entregar o corpo à terra, confessamos que ele não é destruído definitivamente, mas adormece à espera da vida eterna.

A cremação, embora permitida, deve sempre ser compreendida à luz dessa fé. Se for motivada por razões práticas, sanitárias ou de espaço, não há pecado algum. No entanto, quando é escolhida para negar a fé cristã na ressurreição ou por uma visão materialista da morte — como se tudo terminasse com a dissolução do corpo — ela se torna contrária ao Evangelho. O essencial é que o gesto do cristão, seja sepultar ou cremar, manifeste reverência, esperança e amor.

A Igreja também recorda a importância de conservar as cinzas dos falecidos em local sagrado, como um cemitério ou espaço destinado à oração. Não se deve dispersá-las ou guardá-las em casa, pois o corpo — mesmo reduzido a cinzas — merece o mesmo respeito que tinha em vida. Esse cuidado expressa a fé de que os mortos permanecem membros do Corpo de Cristo e aguardam, com todos os fiéis, a plenitude da ressurreição.

Enterrar, rezar, chorar e honrar os mortos são gestos profundamente humanos e cristãos. Eles manifestam a certeza de que a morte não é o fim, mas uma passagem; de que o amor não termina no túmulo, e de que o corpo, mesmo frágil e mortal, será transfigurado pela força do Ressuscitado. A esperança cristã olha para o sepulcro vazio de Cristo e reconhece nele o destino de todos os que n’Ele dormem.

Para refletir

  • Como meus gestos diante da morte refletem minha fé na ressurreição?
  • De que forma posso viver o luto de modo cristão, sem perder a esperança?
  • Em que sentido cuidar dos mortos é também um ato de amor e fé?

Para meditar na Palavra

  • João 11,25-26: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá.”
  • 1 Coríntios 15,42-44: “Semeia-se corpo corruptível, ressuscita incorruptível.”
  • Sabedoria 3,1: “As almas dos justos estão nas mãos de Deus, e nenhum tormento as atingirá.”

Oração

Senhor da vida e da eternidade, Tu que venceste a morte e abriste para nós as portas do paraíso, ensina-nos a viver com fé diante do mistério da morte. Dá-nos um coração esperançoso, capaz de reconhecer que a vida é dom e que o corpo, obra das Tuas mãos, é templo do Teu Espírito. Concede-nos o consolo para os que choram e a certeza de que, um dia, todos os que dormem em Ti ressuscitarão para a alegria eterna. Amém.

Baseado no Catecismo da Igreja Católica, nº 2301. Theophilus — “amigos de Deus, reunidos na Palavra”.

ARTE: Pintura "A morte de Moisés", de Alexandre Cabanel (Museu Fabre, Montpellier) - Dt 31

Resumo

A morte de Moisés – Alexandre Cabanel (1851)

Artista: Alexandre Cabanel
Data: 1851
Técnica: Óleo sobre tela
Estilo: Romântico
Tema: O momento final de Moisés, que sobe ao Monte Nebo para ver a Terra Prometida antes de morrer.

Visão Geral

Na obra A morte de Moisés, Cabanel traduz o fim da missão do profeta com profunda sensibilidade espiritual. A cena mostra Moisés diante da Terra Prometida, iluminado pela glória divina, cercado por anjos que o conduzem à eternidade. O artista não retrata a morte como tragédia, mas como passagem serena do servo fiel para os braços de Deus.

O uso da luz

A luz é o elemento central da composição. Ela emana do alto e envolve Moisés, simbolizando a presença divina e a glória da promessa cumprida. Essa luminosidade reflete a esperança na vida eterna e o cumprimento das promessas de Deus, mesmo quando não se realizam plenamente nesta terra.

Os anjos

Os anjos representam a acolhida celestial. Suas figuras etéreas expressam paz e reverência, destacando a transição entre o mundo terreno e o divino. Eles conduzem Moisés, o amigo de Deus, à glória prometida, reforçando o sentido de missão concluída.

A Terra Prometida

Ao fundo, a paisagem simboliza o destino que Moisés contempla, mas não pisa. É o horizonte da promessa, vislumbrado pela fé. Essa imagem convida o espectador a confiar nos planos de Deus, que se cumprem em seu tempo e modo perfeitos.

Mensagem Espiritual

Cabanel interpreta a narrativa bíblica com serenidade e esperança: Moisés morre à vista da promessa, mas entra na plenitude da glória. Assim também somos chamados a caminhar na fé, certos de que, mesmo sem ver todas as promessas realizadas nesta vida, há uma Terra Prometida eterna — o Céu — para onde o próprio Deus nos conduz.

Texto: Duda Petrocchi
Theophilus – Grupo de Estudos Bíblicos Católico

Josué – Semana 12

Josué – Semana 12

Nesta 12ª semana, a Escritura nos conduz do tempo da promessa ao tempo da posse (cf. Js 1-24).

O tempo da promessa se cumpre, e o Altíssimo se fará ouvir. E sob a sombra do Onipotente, Josué, filho de Num, escuta:

“Como estive com Moisés, assim estarei contigo. Sê forte e corajoso […] Levanta-te, atravessa este Jordão, tu e todo este povo.”

cf. Js 1; Sl 91,1

Entre o chamado e o envio, o silêncio prepara a obediência. Antes que o Jordão se abra, o Altíssimo estenderá Suas asas sobre Jericó e sobre os que confiam. No coração de Raab, a promessa encontrará refúgio: um fio carmesim, frágil e luminoso, se tornará sinal de uma aliança que nem o mais atento inimigo poderá violar, confessando com os lábios o que o coração já sabia:

“O Senhor, vosso Deus, é Deus em cima nos céus e embaixo na terra.”

cf. Js 2,11

E do alto, a resposta divina não tarda:

“Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.”

cf. Sl 91,10

E ali, no segredo de um lar distante, o Altíssimo inicia a queda de muros que olhos humanos não veem (cf. Js 2).

Eis que o tempo da benevolência chegou; o que fora guardado na espera se revela em travessia: no vão que separa o que se deixa e o que se espera, as águas do Jordão se abrem sob a obediência, guardando o segredo da conquista — só atravessa quem confia —, ensinando que a fidelidade é a ponte que une as margens. E entre essas margens, o discípulo do profeta descansa na certeza de que a presença divina abre caminho onde parecia não haver passagem (cf. Js 3).

Eis, enfim, a Terra Prometida — não apenas chão, mas sacramento. E quando, enfim, os pés tocam a terra, a circuncisão e a Páscoa se fazem atos de identidade: sinais de um povo que renasce, não apenas como herdeiro de um território, mas como portador do Deus que cumpre o que promete (cf. Js 4–5).

A travessia termina, mas a caminhada continua. Entre o pó de Canaã e o perfume da fidelidade, Israel aprenderá que a terra prometida não é apenas um território a conquistar, mas um coração a habitar — onde o Altíssimo faz morada entre os que confiam e atravessam. Entre vitórias e quedas, Jericó cai, Hai é vencida, o sol se curva e os reis se rendem, pois a fé faz o tempo e a terra obedecerem ao Soberano Senhor, ensinando ao povo que só a obediência triunfa (cf. Js 6–12).

As guerras se findam, e a terra será distribuída entre as doze tribos. Cada tribo receberá sua porção como herança e responsabilidade: Judá nas colinas do sul, Efraim e Manassés no centro, Dã e Aser junto ao mar, até que todo o território se torne expressão visível da unidade do povo escolhido (cf. Js 13-22).

Entre o crepúsculo da travessia e a luz da posse, Josué se erguerá novamente diante de Israel. O tempo de conquistas termina, mas o coração do guerreiro não se volta às vitórias, e sim repousa na eternidade da aliança. Diante do povo reunido, se ergue a voz do discernimento e da escolha:

“Sede firmes na aliança com o Senhor, não vos mistureis com os povos que ainda habitam a terra, nem busqueis seus deuses, para que a mão do Altíssimo permaneça sobre vós.”

cf. Js 23,6-8

Suas palavras convocam todos à decisão radical e consciente:

“Escolhei hoje a quem servireis. Eu e minha casa serviremos ao Senhor.”

cf. Js 24,15

Ensinando, como líder, que a fé não se mede por conquistas, mas pela fidelidade que habita o coração (cf. Js 23-24).

E eis que a travessia se cumpre, mas Israel seguirá atravessando, aprendendo que a terra prometida se abre não só aos pés, mas ao coração que confia (cf. Sl 91,9-10), guardando no seu íntimo a certeza inabalável de que:

“O Senhor cumpriu todas as Suas palavras — e nenhuma delas falhou.”

cf. Js 21,45

Eis, aí, o Deus da Vitória!

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Exemplo: Encontro de Domingo - Gênesis 38-50