As origens do mundo e da humanidade
Resumo
O Livro do Gênesis, primeiro da Sagrada Escritura e integrante do Pentateuco, narra as origens do mundo, da humanidade e do povo de Israel. Escrito originalmente em hebraico e aramaico, sua redação final aconteceu durante o exílio babilônico, no século VI a.C., sendo tradicionalmente atribuído a Moisés. O Gênesis se inicia com a criação e apresenta grandes temas que atravessam toda a narrativa: os começos, a desobediência e o pecado, mas também a aliança, a obediência, a prosperidade, a eleição de Israel e a rivalidade entre irmãos.
Nele, Deus se revela de diversas formas, recebendo nomes que expressam sua grandeza: Elohim (Deus), YHWH Elohim (Senhor Deus), El Elyon (Deus Altíssimo), El Shaddai (Deus Todo-Poderoso), El Olam (Deus eterno) e El Roi (Deus que me vê). Esses títulos revelam a relação de proximidade e transcendência do Criador com a humanidade.
O livro também dialoga com antigas tradições da Mesopotâmia, como o Enuma Elish e o Épico de Gilgamesh, que tratam da criação e do dilúvio, mas diferem ao apresentar no Gênesis um Deus único, justo e misericordioso, que age por amor.
A primeira grande parte (Gn 1–11) apresenta as origens do mundo e da humanidade: a obra dos seis dias, a criação do homem e da mulher e o paraíso; a história de Caim e Abel, as descendências de Caim e Set, os patriarcas anteriores ao dilúvio e a corrupção da humanidade. Em seguida, o dilúvio mostra tanto a justiça quanto a salvação de Deus: Noé é escolhido para preparar a arca, atravessar as águas e inaugurar uma nova ordem no mundo. Por fim, a narrativa conduz até a torre de Babel, símbolo da soberba humana, e à genealogia de Taré, pai de Abraão, preparando o caminho da história da salvação.
Assim, o Gênesis é o livro dos inícios: apresenta o Deus Criador, a fragilidade do homem, mas também a esperança de uma promessa que se cumpre na história.
O ser humano, imagem de Deus
Resumo
Segundo o Catecismo da Igreja Católica (CIC 355-361), o homem é a única criatura visível criada para conhecer e amar a Deus, chamado a partilhar Sua vida pelo conhecimento e pelo amor. Criado à imagem divina, possui dignidade única de pessoa, capaz de se conhecer, de se doar livremente e de entrar em comunhão. A graça o convida a uma Aliança com o Criador, oferecendo uma resposta de fé e amor insubstituível. Essa dignidade fundamenta a solidariedade universal: apesar da diversidade entre povos e culturas, todos os homens são verdadeiramente irmãos.
Michelangelo Buonarroti e “A Criação de Adão”
Resumo
Michelangelo (1475–1564), gênio renascentista, pintou o teto da Capela Sistina a convite do Papa Júlio II. Entre as obras, destaca-se “A Criação de Adão”, representação icônica do momento em que Deus transmite a vida ao primeiro homem.
A cena concentra-se no toque quase dado entre os dedos de Deus e Adão, simbolizando a força divina que comunica a vida e a dignidade ao ser humano. Adão, despertando de forma preguiçosa, recebe o sopro de vitalidade, enquanto o Criador é representado em vigor e majestade, rodeado por anjos e pela figura de Eva, ainda junto ao Pai.
O detalhe da composição mostra o contraste: a fraqueza e passividade de Adão diante da energia e poder de Deus, que, com um gesto simples, comunica a vida.
Este encontro visual não apenas ilustra o texto bíblico de Gn 1,27 – “Deus criou o homem à sua imagem”, mas também expressa, na arte, o mistério do amor divino que gera e sustenta a humanidade.
Nesta semana inaugural, daremos juntos os primeiros passos em uma jornada fascinante pelas páginas sagradas que guardam o princípio de todas as coisas. No Gênesis, a voz eterna de Deus fala e com seu ‘Faça-se!’, a vida nasce, a criação se revela e o ser humano desperta (cf. Gn 1-2). Mas mesmo na luz que ilumina a beleza do mundo, sombras e murmúrios se insinuarão: O desejo de ser como Deus sussurrará ao coração de Adão e o conduzirá à queda (cf. Gn 3,5). Contudo, a queda não será o fim, mas o começo de uma história em que Deus permanecerá presente, guiando a humanidade com mãos firmes e misericordiosas, trazendo esperança em meio à sombra (cf. Gn 3,15).
De Adão a Noé, a humanidade experimentará tanto a bênção da vida quanto o peso da morte (cf. Gn 4–5), mas encontrará pelas águas do dilúvio, a graça misericordiosa de Deus, que preserva e renova (cf. Gn 6–9). De Noé até Abraão, a humanidade crescerá e tropeçará novamente em seu orgulho. Na Torre de Babel, línguas se confundirão e os povos se dispersarão (cf. Gn 10–11) e a graça de Deus se manifestará e preparará o coração de Abraão, um homem chamado a se tornar pai de uma nação escolhida (cf. Gn 12-21). Será a ele que Deus dirá: “Sai da tua terra e vai para a terra que Eu te mostrarei” (cf. Gn 12,1). E, apesar da idade avançada, também lhe prometerá: “De ti nascerá um filho” (cf. Gn 15,4; 17,19).
Assim, em Abraão se iniciará uma nova etapa da história da salvação: um povo que nascerá da fé e da promessa.
Eis, aí, o princípio de uma grande jornada de fé.