12º Encontro

Js 1-24

9 • novembro • 2025

Visão geral

Sexto livro da Bíblia e primeiro do conjunto conhecido como Livros Históricos, Josué (do hebraico Yehoshua, “O Senhor é salvação”) narra a entrada e a conquista da Terra Prometida sob a liderança do sucessor de Moisés. O livro marca a passagem da promessa à posse, da caminhada à realização, mostrando que a fidelidade de Deus cumpre o que prometeu a Abraão, Isaac e Jacó. Mais que um registro militar, é um relato teológico da ação divina que conduz o povo à herança da fé. A presença constante de Deus e a obediência à sua Palavra são as chaves da vitória e da permanência em Canaã. “Sê forte e corajoso” (Js 1,6) é o convite que ecoa a cada geração, chamando o povo de Deus a viver a fidelidade na terra onde Ele habita entre os seus.

Dados essenciais

  • Língua original: Hebraico bíblico

  • Títulos: יְהוֹשֻׁעַ (Yehoshua) – “O Senhor é salvação” (heb.); Ἰησοῦς (gr.); Iosue (lat.)

  • Coleção: Livros Históricos

  • Autoria/tradição: atribuído a Josué e à tradição deuteronomista; redação final entre os séculos VII–VI a.C.

  • Cenários: territórios de Canaã, especialmente Jericó, Ai, Gibeon e Siquém

  • Horizonte histórico: conquista e divisão da Terra Prometida após o Êxodo e a morte de Moisés

Megatemas (palavras-chave)
Promessa e Cumprimento; Fé e Obediência; Santidade e Aliança; Memória e Fidelidade; Herança e Missão.

Nomes de Deus no livro: YHWH (Senhor), Elohim (Deus), Adonai (Senhor soberano), “Senhor dos Exércitos”.


Estrutura do conteúdo

I) Preparação e travessia do Jordão (Js 1–5)
  • Vocação e encorajamento de Josué: o novo líder é fortalecido pela promessa da presença de Deus (Js 1).

  • Espiões em Jericó e a fé de Raab: uma mulher estrangeira se torna sinal da salvação pela fé (Js 2).

  • Travessia do Jordão: o milagre da passagem confirma a presença divina que acompanha o povo (Js 3–4).

  • Renovação da aliança em Guilgal: a nova geração é circuncidada e celebra a Páscoa (Js 5).

II) Conquista da Terra (Js 6–12)
  • Queda de Jericó: vitória obtida pela obediência à Palavra e pela força do Senhor (Js 6).

  • Derrota e vitória em Ai: o pecado de Acã revela que o sucesso depende da santidade do povo (Js 7–8).

  • Aliança com Gibeon e campanhas no sul e no norte: Josué lidera Israel em vitórias que consolidam o domínio sobre Canaã (Js 9–12).

  • O Senhor luta por Israel: as vitórias são atribuídas à intervenção divina, não à força humana (Js 10,14-42).

III) Partilha da herança (Js 13–21)
  • Divisão das terras entre as tribos: cumprimento da promessa feita aos patriarcas (Js 13–19).

  • Cidades de refúgio e cidades levíticas: justiça e santidade são preservadas na nova ordem social (Js 20–21).

IV) Aliança renovada e despedida de Josué (Js 22–24)
  • Conselhos finais de Josué: fidelidade à Lei e rejeição dos deuses estrangeiros.

  • As tribos do oriente e a unidade de Israel: construção de um altar de testemunho (Js 22).

  • Renovação da aliança em Siquém: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24,15).

  • Morte de Josué: encerramento da era dos patriarcas e início da vida estabelecida em Canaã.


Como ler com o Theophilus

  • Leitura espiritual: Josué simboliza Cristo, que conduz o novo povo de Deus à Terra prometida da vida eterna. Suas vitórias prefiguram a vitória da graça sobre o pecado.

  • Fidelidade e confiança: cada conquista nasce da obediência à Palavra. “Sê forte e corajoso” torna-se lema de fé perseverante.

  • Memória viva: as pedras do Jordão e o altar em Siquém recordam a ação salvífica de Deus — e ensinam o povo a lembrar e transmitir essa história.

  • Dimensão eclesial: assim como Israel recebeu sua porção, a Igreja é chamada a viver a comunhão, repartindo dons e missões no mesmo Espírito.


Para aprofundar no encontro

  • Leituras da semana: Js 1–11; 22–24, conforme o plano Theophilus.

  • Materiais: mapas das campanhas de Josué, comentários dos Padres da Igreja sobre a travessia do Jordão e o simbolismo de Raab, além de reflexões sobre “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”.

  • Objetivo: compreender o livro de Josué como o elo entre a promessa e o cumprimento — e como convite a perseverar na fé, lembrando que Deus é quem luta e salva o Seu povo.

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Resumo

O livro de Josué marca a transição entre a promessa e o seu cumprimento. Após a morte de Moisés, Josué assume a liderança de Israel e conduz o povo à Terra Prometida. Seu nome, que significa “O Senhor é salvação”, antecipa a missão de Cristo, e a travessia do Jordão é vista como figura do Batismo e da entrada na vida nova. A história de Josué é, portanto, uma leitura teológica da fidelidade de Deus e da resposta obediente de seu povo.

1. Introdução e Praenotanda

Josué é o primeiro livro da História Deuteronomista e pertence à categoria dos Profetas Anteriores na Bíblia hebraica. Narra os acontecimentos desde a travessia do Jordão até a conquista e a distribuição das terras de Canaã (c. 1230–1200 a.C.). A tradição atribui sua redação a Josué, completada por Eleazar. Espiritualmente, ele é visto como figura de Cristo: o novo condutor que realiza, pela graça, o que Moisés iniciou pela Lei.

2. Estrutura Geral

  • Js 1–12 – Conquista da Terra Prometida: travessia do Jordão, queda de Jericó, vitórias sobre os reis e domínio das cidades.
  • Js 13–21 – Partilha da Terra: divisão das terras entre as tribos, definição de fronteiras e instituição das cidades levíticas e de refúgio.
  • Js 22–24 – Fim da carreira de Josué: despedida do líder, renovação da Aliança em Siquém e sua morte.

3. Megatemas

O livro apresenta grandes temas espirituais:

  • Fidelidade: o sucesso vem da obediência à Palavra e à Lei de Deus.
  • Fé: confiança nas promessas divinas e certeza de que é o Senhor quem luta por Israel.
  • Presença divina: a Arca da Aliança guia o povo, sinal de que a iniciativa é sempre de Deus.
  • Liderança: Josué é o modelo do chefe fiel, prudente e corajoso, guiado pelo Espírito.
  • Conquista: a posse da terra é dom e responsabilidade, sinal de aliança e cumprimento das promessas.

4. Entrada na Terra Prometida

Josué convoca o povo à travessia do Jordão e reafirma a fidelidade à Lei como condição de vitória. O episódio da prostituta Raab (Js 2) mostra que Deus acolhe os que creem: ela se torna símbolo da Igreja que, pela fé e pelo sangue do Cordeiro, é salva da destruição. A passagem do Jordão prefigura o batismo: deixar o deserto do pecado e entrar na vida da graça. As doze pedras erguidas recordam a ação divina e representam os doze apóstolos.

5. Conquista da Terra

Josué lidera as batalhas pela posse da terra. A queda de Jericó, ao som das trombetas, simboliza a vitória de Deus sobre o mal e anuncia o juízo final. O episódio de Hai ensina que o pecado de um só pode comprometer toda a comunidade, e a obediência restaura a bênção. Outras campanhas — contra Gabaon, os reis do Sul e do Norte — demonstram que a vitória vem do socorro do Alto. O milagre em que “o sol se detém” (Js 10,12–14) manifesta a intervenção direta de Deus em favor de seu povo.

6. Partilha da Terra

Com a terra conquistada, Josué distribui as possessões entre as doze tribos de Israel. Cada tribo recebe sua herança; os levitas, porém, recebem o Senhor como sua porção. São instituídas as cidades de refúgio para proteger os inocentes e as cidades levíticas para o serviço do culto. Essa partilha concretiza o cumprimento das promessas feitas a Abraão e reafirma a justiça e a unidade de Israel.

7. Os Últimos Atos de Josué

As tribos do oriente retornam às suas terras, e um altar junto ao Jordão gera conflito, mas a paz é restaurada pela fidelidade comum à aliança. No último discurso, Josué exorta o povo à perseverança e à pureza diante das nações estrangeiras. Na Assembleia de Siquém, ele renova solenemente a Aliança, e o povo escolhe servir ao Senhor: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24,15).

8. Conclusão – O Fim de Josué

Josué morre como servo fiel, símbolo de Cristo que conduz à salvação. Seus últimos atos — a sepultura dos ossos de José e a morte de Eleazar — encerram a jornada iniciada no Egito. O livro termina com a proclamação da fidelidade de Deus: tudo o que Ele prometeu se cumpriu (Js 21,45). Assim, Josué não é apenas história, mas profecia cumprida — a travessia da fé que transforma promessa em vida.

A entrada na Terra - O tempo dos juízes

Resumo

A ENTRADA NA TERRA PROMETIDA E O CICLO DOS JUÍZES

Introdução

A chegada do povo de Israel à Terra Prometida marca o cumprimento das promessas divinas e o início de uma nova etapa na história da salvação. Sob a liderança de Josué, o povo atravessa o Jordão e começa a conquistar Canaã, enfrentando batalhas e provações, mas sustentado pela fidelidade de Deus. Esse tempo inaugura também o período dos Juízes, no qual Deus suscita líderes para defender a fé e preservar a identidade do povo.

1. A Entrada na Terra

“Toda a Terra da Judeia e sua distribuição às tribos é imagem da Igreja futura dos céus!” (S. Jerônimo)

Josué assume a liderança após Moisés e conduz o povo na travessia do Jordão (Js 3–4). As vitórias sobre Jericó, Hai e os reis amorreus demonstram que o Senhor é o verdadeiro protagonista da conquista. O sorteio das terras entre as tribos (Js 13–21) revela que a posse da Terra é dom e não conquista humana: “O verdadeiro dono da terra é o Senhor” (Lv 25,23).

A tribo de Levi, consagrada ao culto, não recebeu território, pois “a sua herança é o Senhor”. Entretanto, as cidades levíticas e as cidades de refúgio mostram que toda a Terra pertence espiritualmente a Deus. Mesmo com as conquistas, muitos povos permaneceram, lembrando que a promessa exige fidelidade contínua.

Reflexão patrística

“Ainda ficou muita terra por conquistar” (Js 13,2). “Existem muitas terras, em nossos tempos, que ainda não foram colocadas sob os pés de Jesus… na segunda vinda, Ele possuirá tudo.” (Orígenes)

Nota histórica

A formação de Israel não se deu apenas a partir dos escravos fugidos do Egito. Tribos locais das montanhas de Canaã e grupos semitas da mesma linhagem uniram-se sob uma nova identidade, forjada por Moisés, cuja genialidade consistiu em unir povos diversos por meio da fé no Deus único — YHWH. Assim nasceu um povo com um só Senhor e uma só aliança.

2. O Ciclo dos Juízes

Após a morte de Josué, Israel vive um tempo de transição: passa do nomadismo para a vida agrícola e tribal. Ainda não havia um reino unificado; cada tribo vivia de modo autônomo, mas unida pela fé no Deus da Aliança. “Naqueles dias, cada um fazia o que lhe parecia justo” (Jz 17,6).

O papel dos Juízes

Os Juízes não eram magistrados, mas líderes carismáticos levantados por Deus para libertar o povo. Tinham funções militares, espirituais e políticas, restaurando a paz e o culto ao Senhor. Entre os inimigos de Israel estavam os filisteus, cananeus, moabitas, amonitas, edomitas e arameus.

O ciclo espiritual

O livro dos Juízes apresenta um padrão recorrente de infidelidade e misericórdia, um verdadeiro “método pedagógico” de Deus:

  • Pecado – o povo abandona o Senhor;
  • Castigo – invasões e derrotas;
  • Clamor – arrependimento e súplica;
  • Libertação – Deus envia um juiz;
  • Paz – que dura até nova queda.

Esse ciclo revela a fidelidade de Deus e a fragilidade humana. O Senhor permanece fiel mesmo quando seu povo vacila, transformando o castigo em ocasião de conversão.

Reflexão espiritual

“Sempre que pecamos e caímos sob o cativeiro da lei e do pecado, nos ajoelhamos diante de Baal. Mas fomos chamados a dobrar os joelhos apenas ao nome de Jesus.” (Orígenes, Homilias sobre os Juízes)

Os Juízes de Israel

Foram homens e mulheres chamados por Deus em tempos de crise. Alguns se destacaram por feitos heroicos e fé exemplar. Os principais são:

  • Otoniel – venceu os edomitas (tribo de Judá);
  • Aod – libertou Israel dos moabitas (Benjamim);
  • Débora e Barac – derrotaram os cananeus (Efraim);
  • Gedeão – venceu os madianitas (Manassés);
  • Jefté – derrotou os amonitas (Manassés);
  • Sansão – combateu os filisteus (tribo de Dã).

Entre os “juízes menores” estão Samgar, Tola, Jair, Abesã, Elon e Abdon, que atuaram localmente, mas também serviram como instrumentos de salvação.

Conclusão

O período dos Juízes mostra o caminho de um povo em crescimento espiritual: de um conjunto de tribos desorganizadas a uma nação chamada à fidelidade. Deus continua a agir na história, levantando homens e mulheres para renovar a esperança e recordar que somente o Senhor é Rei. Cada libertação era um anúncio do Reino definitivo, que se cumpre em Cristo — o verdadeiro Juiz e Salvador.

Formação: Juízes mais conhecidos - Parte I

Resumo

Após a morte de Josué, o povo de Israel enfrentou um tempo de instabilidade e esquecimento da Aliança. Sem reis nem líderes fixos, o Senhor suscitou homens e mulheres chamados “juízes” para libertar, orientar e reconduzir o povo à fidelidade. Eles não eram reis nem sacerdotes, mas líderes carismáticos, escolhidos diretamente por Deus para agir em tempos de crise. Sua missão era restaurar a justiça, defender Israel dos inimigos e recordar o povo de que o verdadeiro Rei era o próprio Senhor.

O livro dos Juízes mostra o ciclo constante do povo: infidelidade, opressão, arrependimento e libertação. Cada juiz é sinal da misericórdia divina, que jamais abandona o seu povo, mesmo quando este se afasta. Por meio deles, Deus age com força e compaixão, recordando que a libertação vem sempre de Sua mão.

Entre os juízes mais conhecidos estão Débora, Gedeão, Sansão e Samuel, cada um com uma história singular, marcada por coragem, fé e também fragilidade humana. Todos, porém, manifestam a fidelidade de Deus e preparam o caminho para o surgimento da monarquia em Israel. O Senhor, que atua através de instrumentos simples e imperfeitos, mostra que a verdadeira força está na obediência e na confiança.

Além desses, a Escritura menciona também os chamados juízes menores — homens dos quais pouco se narra, mas que tiveram papel importante na manutenção da ordem e da fé no povo. Eles demonstram que a santidade não se mede pela fama, mas pela fidelidade silenciosa a Deus. Foram seis: Samgar (Jz 3,31), Tola (Jz 10,1-2), Jair (Jz 10,3-5), Abesã (Jz 12,8-10), Elon (Jz 12,11-12) e Abdon (Jz 12,13-15).

Esses juízes menores representam a presença constante de Deus ao longo da história de Israel. Mesmo quando o povo parecia perdido, o Senhor nunca deixou de suscitar alguém para recordá-lo de Sua aliança. Assim também na vida da Igreja e de cada cristão: Deus continua levantando pessoas simples, discretas, mas cheias do Espírito, para manter viva a fé e a esperança do Seu povo.

Para refletir

  • Que traços da missão dos juízes ainda se repetem na história da Igreja e na nossa vida de fé?
  • Sou capaz de reconhecer que Deus pode agir através de pessoas simples, e também através de mim?
  • Que juízes — homens e mulheres de fé — Deus tem colocado ao meu redor para me conduzir de volta à Sua vontade?

Para meditar na Palavra

  • Juízes 2,16: “Então o Senhor levantou juízes, que os libertaram das mãos dos que os saqueavam.”
  • Juízes 6,14: “Vai com esta tua força e salvarás Israel. Não sou Eu que te envio?”
  • 1 Samuel 12,22: “O Senhor não abandonará o seu povo, pois quis fazer de vós o seu povo.”

Oração

Senhor, Deus fiel, que nunca abandonas o teu povo, mesmo quando se afasta de Ti, renova em nós a fé e o zelo dos antigos juízes de Israel. Ensina-nos a confiar em Tua força, a reconhecer Tua voz e a seguir Teus caminhos com fidelidade. Levanta, em nosso tempo, homens e mulheres cheios do Teu Espírito, capazes de conduzir o Teu povo com sabedoria e coragem. Que também nós sejamos instrumentos da Tua justiça e da Tua paz. Amém.

Baseado no Livro dos Juízes, capítulos 2–12. Theophilus — “amigos de Deus, reunidos na Palavra”.

Pintura "Josué manda o sol parar" - Carlo Maratta

Resumo

Josué manda o sol parar – Carlo Maratta (~1700)

Artista: Carlo Maratta
Técnica: Óleo sobre tela
Local: Coleção Motais de Narbonne (Museu da Fundação Bemberg, Toulouse, França)
Referência Bíblica: Josué 10,12-13

Contexto e tema

A obra retrata o episódio em que Josué, durante a batalha contra os cinco reis amorreus, clama a Deus para que o sol e a lua parem, a fim de prolongar o dia e garantir a vitória de Israel. O texto bíblico narra que Deus atendeu ao pedido, suspendendo as leis da natureza em favor de seu povo.

Composição e movimento

Maratta emprega uma perspectiva ascendente que confere grandiosidade e dramatismo à cena. Josué é representado em movimento, correndo e olhando para trás, com a capa azul esvoaçante e plumas vermelhas que sugerem dinamismo. Sua mão erguida aponta para o sol, gesto que simboliza autoridade e fé inabalável.

A atmosfera da batalha

Ao fundo, a pintura mostra o caos do combate: guerreiros armados, cavalos em luta e a poeira da guerra. A luz alaranjada e azul do céu reflete o instante sobrenatural em que o tempo parece deter-se. O efeito cromático reforça a tensão entre o humano e o divino.

Detalhes simbólicos

Um soldado caído em primeiro plano representa o custo da vitória e o drama da guerra. Sua figura anônima e sem rosto lembra que até nas vitórias há dor e sacrifício. O bastão de comando de Josué conduz o olhar do espectador para esse ponto, equilibrando heroísmo e humanidade.

Mensagem espiritual

O milagre de Josué expressa a fidelidade de Deus às suas promessas e sua presença ativa na história do povo de Israel. A cena mostra que o poder da oração e da confiança em Deus é capaz de transformar até os limites da natureza. Assim, Josué se torna símbolo de fé, coragem e liderança espiritual.

Texto: Euclides Varella Filho
Theophilus – Grupo de Estudos Bíblicos Católico

Juízes – Semana 13

Juízes – Semana 13

Nesta 13ª semana, a Escritura nos conduz do tempo da posse para o tempo da dispersão.

…E Israel continua sua travessia. Depois de Josué, a terra descansou — mas será um descanso breve; como que o silêncio entre duas tempestades. A promessa permanecerá, mas o fogo da obediência começará a se apagar do coração do povo, pois, quando se conquista pela metade, a fé também é vivida pela metade (cf. Jz 1,1–2,5).

Com Josué morto, ergue-se um povo que não conheceu as obras do Altíssimo (cf. Jz 2,6–3,6), e o que fora conquista se tornará prova; o que fora dom, se tornará novamente servidão (cf. Jz 2,6–3,6). As tribos, sem voz que as guie, se dispersarão: Judá tropeçará, Efraim hesitará, Manassés se acomodará, Dã fugirá, e Benjamim se sentirá semente lançada em solo rochoso — o que antes marchava como um só corpo agora se dividirá em membros sem direção. Mas, no meio da dispersão, o Altíssimo, fiel no tempo, levantará vozes — não reis, mas juízes, homens e mulheres feitos de barro e fé, fracos aos olhos do mundo, fortes pelo Espírito — para resgatar aqueles que clamam por sua salvação.

Nas tribos do sul, o povo se curvará à intervenção divina: Otoniel vencerá pelo Espírito que anima o fraco (cf. Jz 3,10), Aod libertará com coragem que transcende a própria força (cf. Jz 3,15), e Samgar combaterá com o que tem às mãos, mostrando que até o menor instrumento serve ao propósito do Altíssimo (cf. Jz 3,31).

E do mesmo modo o povo das tribos do norte se erguerá diante da divisão: Débora e Barac conduzem as tribos à união, lembrando que sabedoria e obediência valem mais que a espada (cf. Jz 4–5). Gideão buscará sinais, mas descobrirá na fé a força que vence os muitos de Madiã — e quando a paz renasce, Israel aprenderá que o verdadeiro juiz é Deus e não o homem (cf. Jz 6–8).

Contudo, entre muralhas e conspirações, entre ambição e sangue, Abimelec erguerá em Siquém o seu breve império de poder e queda. Ali, Israel descobre a amarga lição do espinheiro: a força sem humildade fere; a coragem sem Deus cansa; e a liberdade sem aliança se perde (cf. Jz 9).

Mas quando Israel tropeça na infidelidade, Deus levanta libertadores: Tola e Jair serão juízes breves em tempo, mas firmes na fidelidade. E com Israel novamente caindo na infidelidade, o clamor do povo alcançará os céus: Jefté — o rejeitado — será chamado a libertar; mas entre votos e vitórias, descobrirá que prometer sem discernimento pode ferir tanto quanto vencer.

E quando o orgulho divide as tribos e o sangue mancha o Jordão, se erguerão Abdã, Elon e Abdon — pequenos diante da história, mas grandes diante de Deus — guardando a paz com mãos discretas e corações firmes (cf. Jz 10-12).

E assim, entre a fraqueza das tribos e a força do chamado, Deus preparará, em segredo, o libertador que começará a romper as cadeias de Israel. O ventre fechado de Israel se abrirá: nascerá Sansão, consagrado desde o nascimento, portador de uma força que reflete o espírito volúvel de um povo oprimido (cf. Jz 13,1-5).

Sob o cuidado atento de pais guiados pelo Altíssimo, Sansão crescerá como semente em solo fértil; na juventude, sua força se ergue como vento indomável, e cada leão enfrentado, cada enigma desvendado, cada conflito vivido transforma-se em testemunho da ação divina, revelando que mesmo na fragilidade do homem brilha a grandeza de Deus. E assim julgará Sansão a Israel, nos dias dos filisteus, durante vinte anos (cf. Jz 15,20).

Eis, aí, o Deus da Justiça.

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Exemplo: Encontro de Domingo - Gênesis 38-50