10º Encontro

Dt 1-20

26 • outubro • 2025

Visão geral

Quinto e último livro do Pentateuco e da Torá, Deuteronômio (do grego Deuteronomion, “segunda lei”) apresenta o grande discurso de despedida de Moisés, às vésperas da entrada do povo na Terra Prometida. É uma síntese espiritual e moral de toda a caminhada de Israel, um apelo à fidelidade e à memória. Nele, a Lei é renovada, o pacto é reafirmado e o coração do povo é chamado a amar e obedecer a Deus de todo o coração e de toda a alma (Dt 6,4-5). Trata-se de um livro profundamente catequético, que transforma a história em lição de fé e obediência, convidando cada geração a renovar sua aliança com o Senhor.

Dados essenciais

  • Língua original: Hebraico bíblico

  • Títulos: דְּבָרִים (Devarim) – “Palavras” (heb.); Δευτερονόμιον (gr.) – “Segunda Lei”; Deuteronomium (lat.)

  • Coleção: Pentateuco / Torá

  • Autoria/tradição: Atribuído a Moisés; compilação e redação final no período exílico (séc. VII–VI a.C.), vinculada à tradição deuteronomista

  • Cenários: Planícies de Moab, às margens do rio Jordão, diante de Jericó

  • Horizonte histórico: Fim do êxodo; transição da liderança de Moisés para Josué; recordação das alianças anteriores

Megatemas (palavras-chave)
Aliança e Memória; Lei e Coração; Obediência e Amor; Bênção e Maldição; Fidelidade e Herança.

Nomes de Deus no livro: YHWH (Senhor), Elohim (Deus), Adonai (Senhor soberano).


Estrutura do conteúdo

I) Prólogo histórico e exortações iniciais (Dt 1–4)
  • Recordação da caminhada: Moisés relembra a trajetória desde o Sinai até Moab, sublinhando as provas e vitórias.

  • Lições do deserto: a fidelidade de Deus e a infidelidade do povo tornam-se escola espiritual.

  • Exortação à obediência: chamada à escuta e à observância dos mandamentos como condição para possuir a Terra.

II) O grande código da aliança (Dt 5–26)
  • Renovação dos Dez Mandamentos: proclamação solene da Lei como pacto de amor (Dt 5).

  • O Shema Israel: confissão central da fé: “Ouve, Israel! O Senhor é o nosso Deus, o Senhor é um!” (Dt 6,4-5).

  • Leis e estatutos: normas sobre culto, justiça, vida social, pureza, economia e solidariedade.

  • O coração da Lei: não basta cumprir, é preciso amar — obedecer por amor e gratidão.

  • Dimensão social e espiritual: o cuidado com os pobres, estrangeiros, órfãos e viúvas torna-se sinal de fidelidade a Deus.

III) Bênção, maldição e renovação da aliança (Dt 27–30)
  • Cerimônia da aliança em Siquém: o povo é convocado a escolher entre bênção e maldição.

  • Conversão e misericórdia: mesmo após a infidelidade, Deus promete restaurar o povo arrependido.

  • “Escolhe a vida!”: apelo final de Moisés à decisão pelo amor e pela fidelidade (Dt 30,15-20).

IV) Sucessão e morte de Moisés (Dt 31–34)
  • Josué é confirmado como sucessor: a missão continua, conduzida pelo mesmo Deus fiel.

  • Cântico e bênção de Moisés: síntese poética da história da salvação e profecia sobre as tribos.

  • Morte de Moisés: o servo de Deus contempla a Terra Prometida do alto do monte Nebo e é sepultado pelo próprio Senhor.


Como ler com o Theophilus

  • Olhar de fé: Deuteronômio é um livro-chave para compreender a espiritualidade bíblica da memória: lembrar é crer novamente.

  • Cristo, o novo Moisés: Jesus retoma e cumpre a Lei no Sermão da Montanha, revelando seu sentido pleno no amor.

  • A nova aliança: a Lei gravada no coração (cf. Jr 31,33) realiza-se no Espírito Santo derramado sobre os fiéis.

  • Leitura orante: cada exortação de Moisés torna-se convite à conversão e à confiança total em Deus.


Para aprofundar no encontro

  • Leituras da semana: trechos centrais de Deuteronômio (Dt 5–11; 27–30) conforme o plano Theophilus.

  • Materiais: textos e slides sobre o Shema Israel, mapas do Êxodo e comentários patrísticos.

  • Objetivo: compreender o Deuteronômio como o coração pedagógico da Torá — um convite a amar a Deus com todo o ser e a transformar a memória em fidelidade viva.

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Resumo

O Deuteronômio é o quinto livro do Pentateuco e encerra a Torá. Seu nome vem do grego Deuteronómion (“segunda lei”) e do hebraico Devarim (“palavras”). Situado nas planícies de Moab, frente a Jericó, registra os últimos discursos de Moisés antes da entrada de Israel na Terra Prometida. É um livro de memória, aliança e renovação espiritual.

Dados Essenciais

  • Língua original: Hebraico
  • Autor: Moisés (com tradição oral e escrita posterior)
  • Local: Planícies de Moab, diante de Canaã
  • Período narrado: Século XIII a.C.
  • Redação final: Exílio babilônico, séculos VI–V a.C.

Estrutura do Livro

  • Dt 1–11: Discurso introdutório – a recordação da caminhada e da fidelidade de Deus.
  • Dt 12–26: O Código Deuteronômico – leis, culto e vida social do povo.
  • Dt 27–30: Discurso conclusivo – bênçãos, maldições e renovação da Aliança.
  • Dt 31–34: Últimos atos e morte de Moisés.

Temas Principais

O Deuteronômio organiza-se sobre um sistema espiritual que une escuta, obediência e vida:

Ler → Ouvir → Aprender → Temer → Obedecer → Viver

Entre seus megatemas estão: História, Lei, Amor, Escolhas e Ensinamentos. É um livro pedagógico e espiritual, no qual o amor e a fidelidade a Deus sustentam a vida do povo.

I. Discurso Introdutório (Dt 1–11)

Moisés relembra os acontecimentos desde o Horeb até Moab: as provações, a incredulidade e as vitórias sob a mão de Deus. Ele exorta Israel à obediência e à confiança. Surge o célebre “Shema Israel” (Dt 6,4–5): “Ouve, ó Israel: o Senhor nosso Deus é o único Senhor”, núcleo da fé judaica e fundamento do amor a Deus e ao próximo.

II. O Código Deuteronômico (Dt 12–26)

Reúne instruções sobre culto, sacrifícios e pureza, proíbe práticas idólatras e reafirma a centralidade do Templo. Regula a vida social e religiosa: o sábado, o ano sabático, os dízimos, as festas (Páscoa, Semanas, Tendas), as funções dos juízes, sacerdotes, profetas e reis. Traz também normas sobre guerras, justiça e convivência fraterna.

Pureza da Fé

O livro denuncia toda forma de adivinhação ou magia, reafirmando que a verdadeira sabedoria vem somente de Deus. Conforme o Catecismo da Igreja Católica (2116), práticas ocultistas contradizem o amoroso temor e a obediência devida ao Senhor.

Conclusão

O Deuteronômio é o testamento espiritual de Moisés. Sua mensagem central é o chamado à fidelidade e ao amor: “Escolhe, pois, a vida, para que vivas tu e tua descendência” (Dt 30,19). Ele prepara o coração de Israel para entrar em Canaã e viver não apenas na terra, mas na presença do Deus da Aliança — o Deus que fala, ensina e permanece.

As doze tribos de Israel - Parte III

Resumo

TEMA X – AS 12 TRIBOS DE ISRAEL

Parte 3
Dr Pe Marcelo Cervi

Recordando

Jacó abençoou cada um dos seus doze filhos (cf. Gn 49,1-28) e profetizou o futuro de suas descendências em Canaã. Sua família, composta por cerca de 70 pessoas, desceu ao Egito (cf. Gn 46,27; At 7,14), onde se multiplicou e foi escravizada. Moisés libertou o povo (cf. Ex 12,37) e Josué o conduziu à Terra Prometida, repartindo-a conforme a vontade de Deus.

Gad

Significado: “Que sorte!”
Pais: Israel e Zelfa
Símbolo: Tenda
Pedra: Ametista
Localização: Norte

“Bendito aquele que dá espaço a Gad! (…) Ele veio a ser chefe do povo, executando a justiça do Senhor e suas normas sobre Israel” (Dt 33,20-21).

Tribo numerosa e guerreira, Gad auxiliou na conquista da terra e estabeleceu-se a leste do Jordão, na região de Gileade. Tornou-se famosa por sua força militar e fidelidade à aliança com as tribos irmãs.

Aser

Significado: “Que felicidade!”
Pais: Israel e Zelfa
Símbolo: Pão, trigo, árvore
Pedra: Crisólito
Localização: Norte

“Bendito entre os filhos, favorito entre os irmãos” (Dt 33,24).

Estabelecida em região fértil entre o Líbano e o Carmelo, a tribo de Aser destacou-se pela prosperidade e lealdade. Participou da restauração da Páscoa em Jerusalém sob o rei Ezequias (cf. 2Cr 30,11).

Issacar

Significado: “Meu salário!”
Pais: Israel e Lia
Símbolo: Sol e luz, jumento
Pedra: Safira
Localização: Norte

“Jumento robusto, deitado entre dupla mureta” (Gn 49,14); “Sê feliz nas tuas tendas!” (Dt 33,18).

Com um dos maiores exércitos de Israel, Issacar habitou terras férteis entre o Jordão e o Mediterrâneo, tornando-se o “celeiro de Israel”. Lutou ao lado de Débora contra Sísara e manteve forte presença agrícola e espiritual no território da Aliança.

Zabulon

Significado: “Belo presente”
Pais: Israel e Lia
Símbolo: Navio, porto
Pedra: Diamante
Localização: Leste

“Reside à beira mar; é marinheiro sobre os navios” (Gn 49,13); “Sê feliz nas tuas expedições!” (Dt 33,18).

Zabulon prosperou pelo comércio marítimo entre o Mediterrâneo e o Mar da Galileia. Foi uma das tribos mais fiéis e corajosas, participando das vitórias sobre os cananeus e apoiando Davi com milhares de soldados (cf. 1Cr 12,34).

José

Significado: “Que Deus dê outro”
Pais: Israel e Raquel
Símbolo: Ramo frutífero
Pedra: Ônix

“É rebento fecundo junto da fonte” (Gn 49,22); “Sua terra é abençoada” (Dt 33,18).

José foi abençoado em seus filhos Manassés e Efraim, que se tornaram duas tribos distintas e prósperas. Suas terras eram férteis e produtivas, mas a prosperidade material nem sempre refletiu fidelidade espiritual. Efraim recebeu a primogenitura dada por Jacó (cf. Gn 48).

Benjamim

Significado: “Filho da direita”
Pais: Israel e Raquel
Símbolo: Lobo
Pedra: Jaspe
Localização: Oeste

“É um lobo voraz; de manhã devora uma presa e à tarde reparte o despojo” (Gn 49,27).

Entre os ilustres benjaminitas estão Saul (primeiro rei de Israel) e São Paulo Apóstolo (cf. Rm 11,1). A tribo foi quase dizimada após a guerra de Gabaá (cf. Jz 19–21), mas manteve reputação de valentia e habilidade militar. Pequena em número, mas grande em história, Benjamim tornou-se símbolo de força e fidelidade.

O destino das tribos

Com o passar do tempo, as doze tribos se uniram sob Saul, Davi e Salomão. Após a morte de Salomão, o reino se dividiu:

  • Reino do Sul (Judá): tribos de Judá e Benjamim, capital Jerusalém.
  • Reino do Norte (Israel): dez tribos, capital Samaria.

Em 722 a.C., o Reino do Norte foi destruído pelos assírios; entre 604 e 586 a.C., Judá caiu sob o domínio babilônico. Após o exílio, dez das tribos desapareceram, sendo conhecidas como as “tribos perdidas de Israel”.

As tribos perdidas e seus possíveis descendentes

  • Bene-Israel: Paquistão.
  • Bnei Menashe: Índia (Mizoram e Manipur).
  • Beta Israel: Etiópia (descendentes da tribo de Dã).
  • Judeus Ibos: Nigéria (descendentes de Efraim, Naftali, Manassés, Levi, Zabulon e Gad).
  • Pashtun: Afeganistão e Paquistão.

Conclusão

As doze tribos de Israel representam o povo escolhido que Deus conduziu da escravidão à promessa. Apesar das divisões e dispersões, o Senhor permanece fiel à sua aliança. Cada tribo carrega um símbolo espiritual de virtude e missão, lembrando-nos que também somos chamados a ser herdeiros da promessa e filhos da nova aliança em Cristo.

CIC 761-762: A Igreja preparada na Antiga Aliança

Resumo

A Igreja preparada na Antiga Aliança

Desde os primeiros capítulos da história humana, Deus já prepara a reunião do seu povo. O Catecismo ensina que a Igreja começa a ser formada no momento mesmo em que o pecado rompe a comunhão entre Deus e os homens. Diante do caos gerado pela desobediência, o Senhor responde com o seu plano de salvação: uma lenta e amorosa reconstrução da unidade, que culminará na Igreja de Cristo.

A reação de Deus ao pecado

O nascimento da Igreja é a resposta de Deus ao desordenamento causado pelo pecado. Se o homem se afasta, Deus se aproxima; se a humanidade se divide, Deus reúne. O livro dos Atos recorda: “Em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça é aceito por Ele” (At 10,35). Já nas origens, a graça divina age silenciosamente no coração dos povos, preparando-os para o reencontro com o Criador.

A vocação de Abraão

A preparação remota da Igreja tem início com Abraão. Deus o chama, promete-lhe uma descendência numerosa e uma terra onde habitará um povo santo. Essa vocação é o primeiro passo do grande plano de reunir a humanidade dispersa. Abraão torna-se o pai da fé, aquele que escuta a voz de Deus e confia na promessa — um sinal de que a salvação não é conquista humana, mas dom de Deus.

A eleição de Israel

A preparação imediata da Igreja acontece na escolha de Israel como povo de Deus. Através da Aliança, Israel é chamado a ser sinal visível da comunhão que Deus deseja restaurar com todos os povos. Pela Lei e pelos Profetas, Deus educa o seu povo para a fidelidade e o amor. Israel é, assim, uma figura da futura Igreja: um povo reunido, conduzido e santificado por Deus.

Os profetas e a promessa da Nova Aliança

Mesmo escolhido, o povo de Israel muitas vezes se afasta da aliança e se deixa seduzir por outros deuses. Os profetas denunciam essa infidelidade, comparando-a à de uma esposa que trai o amor do seu esposo. Mas, ao mesmo tempo, anunciam uma Aliança nova e eterna, que será selada não em tábuas de pedra, mas nos corações humanos. Essa promessa se cumpre plenamente em Cristo, que estabelece a Nova Aliança pelo seu sangue e funda a Igreja como o novo Povo de Deus.

Sentido espiritual

Assim, toda a história da Antiga Aliança é uma longa preparação para a comunhão plena que Cristo realizará. Desde Abraão até os profetas, Deus educa o coração do homem para a fé, para a obediência e para o amor. A Igreja, nascida do lado aberto de Cristo, é o cumprimento desse processo: o novo Éden onde a humanidade volta a caminhar em comunhão com o seu Criador.

Passagens para meditação

  • Gênesis 12,1-3: A vocação de Abraão e a promessa de um grande povo.
  • Êxodo 19,5-6: Israel, povo consagrado e sinal da aliança.
  • Jeremias 31,31-33: Anúncio da Nova Aliança escrita nos corações.
  • Atos 10,35: Deus acolhe quem O teme e pratica a justiça.

Perguntas para partilha

  1. De que forma percebo Deus me chamando, assim como chamou Abraão, para participar do seu plano de salvação?
  2. Como a história de Israel ilumina a minha própria caminhada de fé e fidelidade à aliança?
  3. O que significa, para mim, viver hoje como membro do povo reunido por Cristo — a Igreja?

Oração final

Senhor Deus, que desde o princípio preparaste o coração da humanidade para Te encontrar, renova em nós o dom da fé de Abraão e a esperança do teu povo eleito. Ensina-nos a viver como Igreja, sinal da Tua Aliança e testemunho do Teu amor no mundo. Conduze-nos à comunhão plena contigo, em Cristo, nosso Senhor. Amém.

Materiais visuais (opcional)

  • 26-10-2025 CIC – A Igreja preparada na Antiga Aliança.pdf

Baseado no Catecismo da Igreja Católica, nºs 761–762. Theophilus — “amigos de Deus, reunidos na Palavra”.

ARTE: Pintura "Moisés manda destruir o bezerro de ouro", de Andrea Celesti (Palazzo Ducale, Venezia) - Dt9

Resumo

Bíblia & Arte – “Moisés ordena a destruição do bezerro de ouro”

Autor: Andrea Celesti (1682-1685)
Local: Palácio Ducal, Sala della Quarantia Civil Vecchia, Veneza, Itália

Contexto e Significado

A pintura representa o episódio relatado em Êxodo 32,1-20, quando Moisés, ao descer do Monte Sinai, encontra o povo de Israel adorando o bezerro de ouro. É um momento de infidelidade e idolatria, revelando a fragilidade humana diante da ausência aparente de Deus. Aarão, irmão de Moisés, cede à pressão do povo e cria o ídolo que se torna símbolo da desobediência.

Composição e Leitura Artística

Andrea Celesti retrata a cena com forte narrativa e energia dramática. No centro da obra, o bezerro de ouro é iluminado, símbolo do erro humano, enquanto em torno dele o povo se agita em confusão. Homens sobem em escadas com ferramentas para destruir o ídolo, enquanto outros o amarram com cordas para derrubá-lo.

À direita, um homem com cajado tenta conter os idólatras, enquanto uma mulher os incita a resistir. No fundo, uma tenda improvisada sugere o ambiente de acampamento. O contraste entre luz e sombra reforça o clima de julgamento e purificação.

Detalhes e Simbolismos

No canto inferior esquerdo, Moisés aparece enfurecido, com vestes vermelha e verde, empunhando seu cajado. Ele é retratado com “chifres” — fruto de uma tradução incorreta da Vulgata —, gesto comum na arte medieval e renascentista. Atrás dele, Aarão, com mitra sacerdotal, demonstra arrependimento. Aos pés deles, as Tábuas da Lei quebradas representam a ruptura do pacto sagrado.

Mensagem Espiritual

A obra é um lembrete contra a idolatria e uma reflexão sobre a fidelidade à aliança com Deus. A destruição do ídolo simboliza a purificação e a restauração da fé. Moisés, após a cólera, intercede por seu povo, revelando a misericórdia divina e a paciência de Deus diante das quedas humanas.

Conclusão

Andrea Celesti, com sua técnica veneziana e uso magistral de luz e cor, transforma o drama bíblico em uma catequese visual sobre a fragilidade do homem e a força da aliança divina. A pintura convida o espectador a refletir sobre a própria fé: diante das tentações e ídolos modernos, Deus continua chamando o homem à conversão.

Texto de Euclides Varella Filho
Theophilus – Grupo de Estudos Bíblicos Católico

Deuteronômio – Semana 11

Deuteronômio – Semana 11

Nesta 11ª semana, a Escritura fará da travessia um legado (cf. Dt 21-34).

E sob a silenciosa proteção do Altíssimo, o povo continua sua travessia (cf. Sl 91). No rastro da guerra que se desfaz, a lei da vida se erguerá: tudo que a violência dispersou ou a morte profanou será restaurado pela fidelidade do Altíssimo, para que a terra respire novamente sob o sopro da vida (cf. Dt 21).

E assim que a lei da vida se firma, surgirá o tempo de cuidar do próximo: entre casas e campos, ruas e mercados, o olhar atento protegerá a mulher, o órfão e o estrangeiro; o trabalho será honrado e o comércio purificado; dívidas e limites serão corrigidos com justiça, e a fraternidade florescerá como semente em terra fértil. Assim, o povo aprenderá que a paz se constrói não apenas no silêncio das armas, mas no equilíbrio das relações (cf. Dt 22-25).

E quando a semente da justiça tiver brotado em cada gesto cotidiano e a gratidão marcar cada oferta, então se abrirá o tempo da decisão: Israel será chamado a decidir seu caminho, onde a terra e o coração do povo sentirão o peso de cada escolha (cf. Dt 26–30).

À sombra da terra que se aproxima, Moisés, já marcado pelos anos e pela intimidade com Deus, sentirá sobre os ombros o peso do fim de sua travessia e a grandeza do legado que deve transmitir. Diante do povo que atravessara desertos e esperanças, o Servo do Senhor chamará Josué, e ao repousar suas mãos sobre o escolhido, se fará visível a travessia do legado: o passado repousará ali, nos dedos que tocarão, e o futuro se abrirá, como águas que ainda serão cruzadas, confiado à mão firme de quem agora seria guia.

E eis que, ao contemplar o silêncio que sucede a morte do pastor do Israel peregrino, o coração do povo se renderá ao mistério da travessia final: a posse da terra. O deserto que os moldou se curvará diante da promessa cumprida; o Jordão murmurará segredos antigos enquanto as margens se abrirão para o passo do povo, carregando no coração a memória de quem guiou e de quem foi guiado (cf. Dt 31-34).

Eis, aí, o Deus da travessia.

Ficou com alguma dúvida?

Nos diga abaixo que iremos te responder em nosso próximo encontro ou em nossa página de DÚVIDAS (clique aqui)

Exemplo: Encontro de Domingo - Gênesis 38-50