Deuteronômio – Semana 10
Nesta décima semana, a voz de Moisés se erguerá, e a travessia do deserto se tornará travessia da Palavra, como ponte que liga entre o passado ao futuro.
O deserto silenciara, a poeira dos quarenta anos repousara, e a voz de Moisés se erguerá como canto que atravessa o tempo (cf. Dt 1). E na quietude que sucede a marcha, antes que o povo atravesse o rio, o profeta fará da palavra a sua travessia, conduzindo o passado ao encontro do futuro e convertendo os erros antigos em lições de fidelidade e obediência à Palavra do Altíssimo (cf. Dt 2-4).
Moisés, maestro de lembranças, convocará os corações a cantar a fidelidade de Deus: a promessa feita aos patriarcas (Dt 1,8), a travessia das terras (cf. Dt 2,1-37), a provisão e proteção ao longo do caminho (Dt 2,7), a paciência de quem caminha (cf. Dt 3,23-29). O censo, os recintos das cidades, os limites das terras (cf. Dt 1,19-46) tornam-se pauta para a memória, convertendo o passado em canção de gratidão.
E quando a voz de Moisés ecoa sobre a planície, se erguerá o cântico da aliança: o Decálogo ressoa não como imposição, mas como pulsar de vida e caminho seguro para o povo (cf. Dt 5,1-22), conscientes de que a terra prometida não se alcança apenas com passos, mas com fidelidade (cf. Dt 6,1-9), eliminando da vida os obstáculos do pecado e da idolatria (cf. Dt 7,1-26), lembrando que a fidelidade se manifesta na obediência aos mandamentos, na justiça e na santidade (cf. Dt 8,1-20; 9,1-29).
E entre líderes e leis, a travessia da Palavra se desdobrará, convocando o povo a aprender com o passado e a caminhar com confiança. Moisés recordará o povo de suas jornadas, dos lugares onde o medo encontrou coragem e a fraqueza se transformou em força (cf. Dt 10,12-22; 11,1-32).
Entre cânticos e exortações, Moisés tecerá um caminho de luz, ensinando que deserto se faz escola, a memória em guia e o futuro se abre, vasto e seguro, diante de olhos atentos à voz do Altíssimo (cf. Dt 12-16).
Da melodia das lembranças à clareza da instrução, Moisés passará a ensinar sobre reis e profetas, sobre juízes e guerras, cultos e responsabilidades, traçando fronteiras de justiça e ordem, lembrando que a vitória pertence aos que confiam no Altíssimo (cf. Dt 17,1-20; 18,1-22; 19,1-21; 20,1-20).
E assim, entre memórias e instruções, o povo será chamado a entrar na terra não apenas com passos firmes, mas com o coração fiel e aberto à promessa que Deus está prestes a cumprir.
Eis, aí, o Deus da Palavra.


































