9º Encontro

Nm 23-36

19 • outubro • 2025

Visão geral

Quarto livro do Pentateuco e da Torá. Números narra a longa caminhada do povo de Israel pelo deserto, desde o Sinai até as planícies de Moab, guiado por Moisés e Aarão. É o livro da provação e da fidelidade, que mostra Deus conduzindo seu povo passo a passo, enquanto Israel alterna entre a obediência e a rebeldia. É uma catequese sobre a confiança, a paciência e a presença divina que guia o povo em sua peregrinação.

Dados essenciais

  • Língua original: Hebraico bíblico

  • Títulos: ַבּמִדְבּר (Bemidbar) – “No deserto” (heb.); Ἀριθμοί (gr.) – “Números”; Numeri (lat.)

  • Coleção: Pentateuco / Torá

  • Autoria/tradição: Atribuído a Moisés; compilação de tradições javistas, eloístas e sacerdotais unificadas no Exílio (séc. VI a.C.)

  • Cenários: Deserto do Sinai, deserto de Parã, Cades e planícies de Moab

  • Horizonte histórico: Século XIII a.C. — quarenta anos de peregrinação até as fronteiras de Canaã

Megatemas (palavras-chave)
Recenseamento e Organização; Rebelião e Provação; Caminhada e Fidelidade; Deserto e Purificação; Canaã e Promessa.

Nomes de Deus no livro: YHWH (Senhor), Elohim (Deus), Iahweh Sebaot (Senhor dos Exércitos).


Estrutura do conteúdo

I) Preparação no Sinai (Nm 1–10)
  • Recenseamento das tribos: organização do povo e dos levitas, preparação para a partida.

  • Ordem do acampamento: as tribos dispostas ao redor da Tenda da Reunião, com a Arca no centro.

  • Leis complementares: pureza, nazireato e bênção aarônica.

  • Consagração e oferendas: dedicação do altar e dos levitas ao serviço de Iahweh.

  • A Páscoa e a partida: celebração da libertação e o início da marcha rumo à Terra Prometida.

II) A caminhada e as rebeliões no deserto (Nm 11–21)
  • Murmurações e castigos: o povo reclama da comida, e Deus envia codornizes e punições.

  • Maria e Aarão contra Moisés: orgulho e correção divina.

  • Exploração de Canaã: os doze espiões e a incredulidade do povo; castigo: quarenta anos no deserto.

  • Rebeliões e sinais: Coré, Datã e Abirão se revoltam; o ramo de Aarão floresce.

  • As águas de Meriba: Moisés e Aarão desobedecem; a sentença de não entrar na Terra Prometida.

  • A serpente de bronze: símbolo da salvação — figura de Cristo (Jo 3,14-15).

III) Chegada às planícies de Moab (Nm 22–36)
  • Balaão e Balac: o profeta pagão abençoa Israel por ordem de Deus.

  • Nova geração e novo censo: preparação para a entrada em Canaã.

  • Josué, sucessor de Moisés: transição da liderança.

  • Leis e sacrifícios: renovação das prescrições cultuais e dos votos.

  • Partilha da Terra: fronteiras, cidades de refúgio e herança das tribos.


Como ler com o Theophilus

  • Olhar de fé: Números ensina que o deserto é o lugar da prova, mas também da fidelidade e da presença divina.

  • Cristo no deserto: Jesus revive a caminhada de Israel e vence as tentações, tornando-se o novo Moisés.

  • O recenseamento espiritual: somos chamados a “ser contados” entre o povo santo de Deus.

  • Leitura orante: cada murmuração e reconciliação ensina a confiar na providência divina.


Para aprofundar no encontro

  • Leituras da semana: capítulos centrais de Números conforme o plano Theophilus.

  • Materiais: slides, PDFs, imagens e referências litúrgicas.

  • Objetivo: reconhecer o deserto como caminho de purificação e aprender a caminhar com perseverança rumo à promessa.

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Resumo

Resumo – Livro dos Números (Nm 22–36)

Pars Quarta – Em Campo de Moab (In Campestribus Moab)

Os capítulos finais do livro dos Números (22–36) narram a fase derradeira da jornada de Israel no deserto, às portas da Terra Prometida. Entre bênçãos, provações e leis, o povo é preparado para a herança prometida, enquanto a liderança de Moisés se aproxima do fim.

O rei de Moab e Balaão (Nm 22–25)

Temendo o avanço de Israel, Balac, rei de Moab, convoca o adivinho Balaão para amaldiçoar o povo de Deus. Porém, o Senhor transforma a maldição em bênção: Balaão proclama oráculos que exaltam Israel e revelam a fidelidade divina. O episódio da jumenta falante ensina que a vontade de Deus prevalece mesmo sobre os planos humanos. Mais tarde, Israel cai na tentação com as filhas de Moab e adora Baal de Fegor, sendo purificado pela ação zelosa de Finéias.

Novas Disposições (Nm 26–30)

Após a purificação, Deus ordena um novo censo — símbolo de uma geração renovada e preparada para a conquista. As filhas de Salfaad reivindicam seu direito à herança e Deus lhes faz justiça, reconhecendo a dignidade e a voz das mulheres. Moisés, por sua vez, recebe a ordem de nomear Josué como seu sucessor, garantindo continuidade à liderança espiritual do povo. Em seguida, o Senhor estabelece normas sobre sacrifícios e festas: o sábado, as neomênias, os Ázimos, as Semanas, as Aclamações, o Dia das Expiações e as Tendas — todos como sinais de comunhão e memória da aliança. Também são reafirmadas as leis sobre os votos, mostrando a importância da palavra dada a Deus.

Despojos de Guerra e Partilha (Nm 31–36)

Antes da entrada em Canaã, Israel trava a guerra contra Madiã, símbolo do julgamento divino sobre a corrupção e idolatria. Balaão morre junto dos inimigos que ajudara a desviar o povo. Após a vitória, Moisés orienta a purificação dos despojos e a partilha justa entre os guerreiros e a comunidade. As tribos de Rúben, Gade e metade de Manassés recebem terras a leste do Jordão, com a condição de lutarem ao lado dos irmãos. Moisés registra todas as etapas da peregrinação, lembrando cada passo como um memorial da fidelidade divina.

A Organização de Canaã (Nm 34–36)

Deus define com exatidão as fronteiras da Terra Prometida e designa príncipes para a divisão das possessões. Aos levitas são concedidas quarenta e oito cidades, incluindo seis cidades de refúgio — espaços de abrigo e justiça para quem comete homicídio involuntário. Por fim, é reafirmada a lei sobre a herança das mulheres casadas, assegurando a permanência dos bens dentro das tribos. Tudo é ordenado com justiça, sabedoria e misericórdia.

Conclusão – O Deus da Fidelidade

Com a conclusão do livro dos Números, encerra-se a longa marcha de quarenta anos. O povo está às portas da promessa, e Deus mostra-se fiel em cada detalhe: Ele corrige, purifica, guia e cumpre o que prometeu. A travessia do deserto termina, mas o chamado à fidelidade permanece — pois o Deus da aliança é também o Deus que conduz ao cumprimento da promessa.

As doze tribos de Israel - Parte II

Resumo

TEMA VIII

AS 12 TRIBOS DE ISRAEL

Parte 2

Dr Pe Marcelo Cervi

RECORDANDO…

Antes de morrer, Jacó abençoou cada um dos seus doze filhos (cf. Gn 49,1-28) e profetizou sobre o destino da descendência deles (tribos) em Canaã.

A família de Jacó – em torno de 70 pessoas (cf. Gn 46,27; At 7,14) – desceu para o Egito onde, com o tempo se multiplicou, mas acabou escravo dos egípcios.

Moisés libertou, pelo poder de Deus, aprox. 600 mil hebreus (cf. Ex 12,37) e os conduziu pelo deserto até a Terra Prometida.

Josué introduziu o povo na terra e a repartiu, segundo os desígnios de Deus.

RUBÉN

Significado do nome: “Deus viu a aflição”

Pais: Israel e Lia

Símbolo: Mandrágora

Pedra: Rubi

Localização no acampamento: Sul

Características:

  • “cúmulo de altivez e de força, impetuoso como as águas” mas “não será colmado” (Gn 49,3-4).
  • “Que Ruben viva e não morra e subsista o número pequeno dos seus homens” (Dt 33,6).

Anotações:

  • Como primogênito de Jacó, Ruben gozava dos direitos da primogenitura: deveria receber duas parcelas dos bens deixados por seu pai (reino) e deveria ter recebido a bênção mais importante (sacerdócio).
  • No entanto, por ter dormido com Bila, concubina de seu pai (cf. Gn 35,22; 49,4), perdeu os direitos de primogênito. Esses direitos foram transferidos por Jacó aos seus netos Manassés e Efraim, filhos de José (cf. Gn 48,5). O reino foi dado a Judá e o sacerdócio foi dado a Levi.
  • Nos 40 anos no deserto, alguns homens da tribo de Ruben se rebelaram contra Moisés (cf. Nm 16, 1-2)
  • Foi a primeira tribo a se instalar na Transjordânia, junto com a tribo de Gad, mesmo antes da transferência da liderança de Moisés para Josué (cf. Nm 32).
  • Se instalaram no planalto de Moab ao norte do rio Arnom e tornaram-se criadores de animais (cf. Nm 32,4)

SIMEÃO

Significado do nome: “Deus ouviu”

Pais: Israel e Lia

Símbolo: Casa/ Cidade

Pedra: Esmeralda

Localização no acampamento: Sul.

Características:

  • “seus tratados são instrumentos de violência” (Gn 49,5).

Anotações:

  • Simeão, juntamente com Levi participou da “vingança traidora” contra Hemor e os siquemitas no episódio relacionado com Dina, irmã deles. O caso desagradou demais a Jacó (cf. Gn 34, 25ss) que, no leito de morte, ao invés de abençoar Simeão e Levi, profetizou que os descendentes de ambos ficariam espalhados no meio de Israel (cf. Gn 49,7)
  • Esta profecia tornou-se realidade para a tribo de Simeão na medida em que a tribo era tão pequena que teve de partilhar o seu território com a tribo maior e mais poderosa de Judá (cf. Nm 26,14; Js 19,1-9).
  • A incrustação de Simeão no território de Judá acabou favorecendo que as duas tribos fossem se misturando até que Judá se tornasse a tribo predominante (cf. Jz 1,3).
  • Na época da Monarquia, aproximadamente 7.000 homens da tribo de Simeão associaram-se a Davi.

LEVI

Significado do nome: “Se afeiçoará”

Pais: Israel e Lia

Símbolo: Tabernáculo

Pedra: Topázio

Localização no acampamento: Ao redor do Tabernáculo

Características:

  • “seus tratados são instrumentos de violência” (Gn 49,5).
  • São responsáveis pelo Tabernáculo e por tudo o que é sagrado (cf. Dt 33, 8-11)

Membros ilustres: Moisés e Aarão (cf. Ex 4,14).

Anotações:

  • Levi participou da “vingança traidora” com Simeão (cf. Gn 34, 25ss), desagradando o pai Jacó. Como Jacó, por causa disso, profetizara que os descendentes de Levi e Simeão ficariam espalhados no meio de Israel (cf. Gn 49,7), a tribo de Levi não recebeu nenhum território e teve que viver dispersa nas terras de suas tribos irmãs (cf. Js 13,14; Nm 35,2).
  • Mas, por não terem participado do incidente do bezerro de ouro (cf. Gn 32), sua fé obteve de Deus que os membros da tribo se transformassem numa bênção: herdaram o direito do serviço a Deus no culto.
  • O Senhor adotou essa tribo como sua própria herança em lugar do primogênito de cada família (cf. Nm 3,11-13): “Eis que tenho tomado os levitas do meio dos filhos de Israel, em lugar de todo o primogênito, que abre a madre, entre os filhos de Israel; e os levitas serão meus”.

JUDÁ

Significado do nome: “Glória”

Pais: Israel e Lia

Símbolo: Leão

Pedra: Carbúnculo

Localização no acampamento: Leste

Características:

  • Seus irmãos o louvam. Submete os seus inimigos.
  • Tem nas mãos o cetro real e o bastão de comando (cf. Gn 49,8-12).

Membros ilustres: Daniel (cf. Dn 1,6); Davi, Salomão e N.Sr.Jesus Cristo (cf. Mt 1,1-17)

Anotações:

  • Em Js 15 se diz que o território que Deus destinou à tribo de Judá abrangia a maior parte do sul da Terra de Israel, incluindo o Neguev, a Região Selvagem de Sim e Jerusalém. No início do Livro dos Juízes (cf. Jz 1,2), após a morte de Josué, os israelitas perguntaram ao Senhor qual tribo seria a primeira a ocupar o seu território, e a resposta foi: “Judá subirá primeiro”.
  • Judá não era tribo de grande realce até que Davi, filho de Jessé, foi ungido rei sobre Judá e, posteriormente, sobre todo o Israel (cf. 2Sm 2,4).
  • A contribuição significativa de Judá foi o estabelecimento de Jerusalém (no território da própria tribo) como “O lugar que o Eterno escolheu … para ali por seu nome” (cf. Dt 12,5.11.14.18.21.26)
  • Mesmo no exílio babilônico, Judá não perdeu sua identidade básica. Uma pequena porcentagem retornou para a pátria durante o período persa e tornou-se o canal pelo qual veio o Messias prometido.

Significado do nome: “Deus fez justiça”

Pais: Israel e Bala

Símbolo: Serpente

Pedra: Jacinto

Localização no acampamento: Norte

Características:

  • É uma serpente que espreita e morte o calcanhar do cavalo provocando a queda do cavaleiro (cf. Gn 49,17).

Membro ilustre: Sansão (cf. Jz 13)

Anotações:

  • Na época do Êxodo, era a segunda tribo mais numerosa de Israel com 62.700 homens (cf. Nm 1,39).
  • O território original que Dã recebeu era fértil mas os danitas não conseguiram conquistá-lo e foram expulsos pelos amorreus. Apesar de Deus ter prometido que a tribo acabaria por possuir aquela terra, a tribo preferiu agir por si mesma e desistiu do território, migrando para o norte e invadindo uma nação pacífica para tomar a sua terra (cf. Jz 18,1-31).
  • Ocupavam-se do comércio marítimo e da pesca (cf. Jz 5,17).

NEFTALI

Significado do nome: “Lutei as lutas de Deus”

Pais: Israel e Bala

Símbolo: Gazela

Pedra: Ágata

Localização no acampamento: Norte

Características:

  • “É uma gazela veloz que tem formosas crias”(Gn 49,21).
  • “É saciado de favores e repleto das bençãos do Senhor. Toma posse do mar e do sul” (Dt 33,23)

Anotações:

  • No primeiro censo de Israel a tribo contava com 53.400 homens, sendo a sexta mais numerosa (cf. Nm 1,43).
  • O território da tribo de Neftali ficava ao Norte e ao ocidente do mar da Galiléia, estendendo-se desde as montanhas do Líbano, até as extremidades daquele lago. Incluía as áreas ricas e férteis adjacentes às cabeceiras do rio Jordão e a praia ocidental do mar da Galiléia (cf. Dt 33,23; Js 19,32-39).
  • Como “tribo de fronteira”, o território de Neftali estava sujeito a muitas invasões vindas do norte e do leste. O cântico de Débora celebra os heróis de Neftali, que arriscaram a própria vida para libertar Israel (cf. Jz 5,18).
  • Apesar de ser repleta das bênçãos do Senhor (cf. Dt 33,23) a tribo de Naftali desobedeceu a Deus ao viver entre os cananeus (cf. Jz 1,33) e ao titubear ante a ordem de luta contra os cananeus (cf. Jz 4,6-9).
  • A tribo apoiou o recém-coroado Rei Davi, e também desempenhou um papel fundamental na construção do Templo por obra de Salomão (cf. 1Cr 12,34; 1Rs 7,13-47).

CIC 760: A Igreja prefigurada desde a origem do Mundo

Resumo

CIC 760 – A Igreja prefigurada desde a origem do mundo

A Igreja prefigurada desde a origem do mundo

Desde o princípio da criação, o coração de Deus já tinha em vista a comunhão dos homens com Ele. O Catecismo nos recorda que “o mundo foi criado em vista da Igreja” (CIC 760). Isso significa que nada na história é acidental: toda a criação, a encarnação e a redenção convergem para esse único desígnio — reunir todos os filhos dispersos num só povo, a Igreja, corpo de Cristo.

O plano eterno de Deus

Antes mesmo que o tempo começasse, Deus pensou na Igreja. Ela é parte do seu desígnio eterno, da vontade de amor que Ele quis revelar ao mundo. Criar o universo não foi um capricho divino, mas o primeiro passo para o grande encontro entre o Criador e suas criaturas. Desde o Gênesis até a plenitude dos tempos, Deus preparava o coração da humanidade para viver em comunhão com Ele.

Assim, o mundo e a Igreja são duas faces do mesmo mistério: o mundo é o palco onde a história da salvação acontece, e a Igreja é o fruto dessa salvação. Deus criou o mundo para que nele se manifestasse o seu amor e, na Igreja, esse amor alcançasse sua expressão mais plena — homens e mulheres unidos a Cristo, vivendo da sua vida e da sua graça.

A Igreja como finalidade de todas as coisas

O Catecismo afirma que “a Igreja é a finalidade de todas as coisas”. Mesmo as dores e quedas da história — a rebeldia dos anjos, o pecado do homem, as tragédias e fraquezas — foram permitidas por Deus para que, através delas, se manifestasse com mais clareza a força do seu amor. Tudo concorre para que Cristo seja conhecido e amado, e para que a Igreja, seu Corpo, alcance a plenitude do seu destino: a comunhão eterna com Deus.

O mundo, portanto, não é um acaso, mas o campo onde Deus desdobra o seu plano de salvação. Cada criatura, cada acontecimento e cada pessoa encontram sentido dentro desse olhar maior de amor. A Igreja existe para reunir, curar e reconciliar todas as coisas em Cristo, “recapitulando nelas o céu e a terra”.

O amor de Deus como origem e meta

A criação do mundo e o nascimento da Igreja são dois gestos do mesmo amor divino. Como diz o Catecismo: “Assim como a vontade de Deus é um ato e se chama mundo, assim também sua intenção é a salvação dos homens e se chama Igreja.”

Em outras palavras, o mundo é o sinal do amor criador de Deus, e a Igreja é o sinal do seu amor salvador. Ambas as realidades expressam o mesmo coração divino: um Deus que deseja ser conhecido, amado e partilhado. A Igreja é, portanto, a expressão visível da vontade de Deus de salvar, reunir e santificar todos os povos.

Reflexão para o encontro

Compreender que o mundo foi criado em vista da Igreja é perceber que a nossa fé não é um capítulo isolado da história, mas o sentido profundo da própria existência. Fomos pensados desde a origem para viver em comunhão com Deus e entre nós. A Igreja não é um plano de emergência depois do pecado, mas a meta desde o início — o sonho de Deus para a humanidade.

Quando participamos da vida da Igreja, quando escutamos a Palavra, celebramos a Eucaristia e nos amamos mutuamente, estamos colaborando com esse desígnio eterno. Somos parte daquilo que Deus sempre quis: uma comunhão de amor que reflete o próprio mistério da Trindade.

Passagens para meditação

  • Efésios 1,3-10: “Tudo foi recapitulado em Cristo.”
  • João 17,20-23: Jesus reza pela unidade dos seus discípulos.
  • Gênesis 1–2: A criação como obra de amor e comunhão.
  • Romanos 8,18-30: Toda a criação geme aguardando a redenção.

Perguntas para partilha

  1. O que significa para mim saber que Deus já pensava na Igreja antes mesmo da criação do mundo?
  2. Como a minha vida, com suas alegrias e dificuldades, participa desse grande plano de amor de Deus?
  3. De que forma posso colaborar, hoje, para que a Igreja manifeste mais claramente o amor pelo qual foi criada?

Oração final

Senhor Deus, desde o princípio do mundo pensaste em nós. Foste preparando, com paciência e amor, o caminho para que teu povo chegasse à comunhão plena em Cristo. Agradecemos por nos chamares a fazer parte da tua Igreja, sinal visível do teu amor eterno. Dá-nos a graça de viver unidos, firmes na fé e generosos no amor, até que tudo seja renovado em Ti. Amém.

Materiais visuais (opcional)

  • Capa – CIC 19-10-2025_Página_1Resultado.webp
  • Título – CIC 19-10-2025_Página_2Resultado.webp
  • CIC 760 – CIC 19-10-2025_Página_3Resultado.webp
  • Conclusão – CIC 19-10-2025_Página_4Resultado.webp

Baseado no Catecismo da Igreja Católica, nº 760. Theophilus — “amigos de Deus, reunidos na Palavra”.

ARTE: Litografia "Moses I", de Marc Chagall

Resumo

Bíblia e Arte – 19.10.25
Litografia – MOSES I (Marc Chagall)

Em 1931, ele foi convidado pelo editor Ambroise Vollard para ilustrar a Bíblia — projeto que o marcou profundamente e deu origem a várias telas, entre elas Moses I, pintada por volta de 1960. Essa série bíblica é, em essência, o testemunho do artista sobre a aliança entre Deus e a humanidade, filtrada pela sensibilidade do povo de Israel.

Introdução — A Arte como Janela para a Revelação

Marc Chagall, judeu nascido na Bielorrússia e profundamente marcado pela Sagrada Escritura, compreendia a arte como linguagem espiritual.

Em Moses I, não encontramos uma “ilustração” do Êxodo, mas um eco da Palavra — uma tentativa de “ver o invisível”, como o próprio Moisés (cf. Hb 11,27).

Chagall não pinta o passado, mas o mistério da Aliança, sempre vivo e atual.

É essa leitura teológica e contemplativa que o Theophilus busca: ver na obra de arte um espelho da revelação divina, e não apenas um belo objeto.

1. Moisés — o Homem da Presença

Em Moses I, o profeta aparece de pé, diante do fogo, das tábuas, ou talvez envolto por uma luz sobrenatural.

Seu rosto é voltado para o alto, para o invisível, lembrando o momento em que “o Senhor falava com Moisés face a face, como um homem fala com seu amigo” (Ex 33,11).

Chagall traduz essa intimidade divina não por traços realistas, mas por linhas tremidas e cores ardentes, como se o próprio desenho tremesse diante da Presença.

➢ Para o olhar do Theophilus, essa figura de Moisés simboliza a vocação de todo leitor da Palavra: subir o Sinai do coração, escutar, e descer levando aos irmãos a vontade de Deus. Moisés é o primeiro “teófilo”, aquele que ouve e transmite.

2. As Tábuas da Lei — Palavra Escrita, Coração Vivo

No centro da litografia, as tábuas da Lei — núcleo da imagem — são o sinal da aliança escrita por Deus com o dedo (Ex 31,18).

Mas Chagall as faz luminosas, não de pedra pesada: são luz, não peso.

Ele parece compreender que a Lei, quando nasce do encontro com Deus, não oprime, mas ilumina o caminho (cf. Sl 119,105).

➢ No espírito do Theophilus, a imagem das tábuas nos convida a ver na Sagrada Escritura a mesma luz: “Não apenas palavras gravadas, mas um diálogo eterno entre Deus e o seu povo.” Ao contemplar a obra, somos convidados a lembrar que o mesmo Espírito que escreveu a Lei no Sinai agora a inscreve nos nossos corações (cf. Jr 31,33).

3. As Cores — O Mistério da Presença

Chagall usa cores com valor teológico:

O azul representa o céu, a transcendência divina, a fé que envolve tudo.

O vermelho simboliza o amor ardente de Deus e o fogo da revelação.

O amarelo e o dourado evocam a glória divina, a shekiná, presença luminosa que desce sobre o profeta.

Essas cores não são decorativas, mas litúrgicas — cada uma expressa um aspecto da presença de Deus.

O olhar de Chagall é o de quem pinta como se estivesse rezando um salmo.

➢ E o olhar do Theophilus é o de quem lê o mundo como sacramento, onde a cor, a linha e o gesto são sinais do Verbo.

4. A Missão — Descer do Monte

Moisés está entre o céu e a terra.

Não é apenas o homem da contemplação, mas o mediador que desce do monte para conduzir o povo.

Sua figura é também prefiguração de Cristo, o novo Moisés, que sobe ao monte para proclamar a Lei das Bem-aventuranças (Mt 5).

Chagall, mesmo judeu, abre aqui uma brecha para a universalidade: o profeta que traz a luz da Palavra ao mundo inteiro.

➢ No espírito do Theophilus, a obra lembra que a verdadeira leitura da Escritura sempre termina em missão: depois de ver o rosto de Deus, é preciso descer e servir.

5. Contemplação — O Sinai Interior

Por fim, Moses I é um ícone da oração bíblica: o silêncio que escuta, a luz que desce, a Palavra que se faz carne na vida do leitor.

A litografia nos faz subir também o Sinai — não com os pés, mas com o coração.

E ali, como Moisés, descobrimos que Deus ainda escreve — não mais em pedra, mas no coração daquele que contempla.

“Aquele que contempla uma obra inspirada pela Palavra entra, sem perceber, na própria nuvem da presença de Deus.”

Conclusão — O Theophilus diante de Chagall

Diante de Moses I, o Theophilus se detém em silêncio.

Não é a técnica que o impressiona, mas o convite à escuta.

O olhar sobe com Moisés, mas volta à terra com a luz da revelação.

A arte de Chagall se torna, então, um espelho da própria vocação do grupo:

ler, contemplar, transmitir.

“Moisés sobe com as tábuas; o Teófilo sobe com o Evangelho. Ambos descem transformados pela Palavra que ouviram.”

Moses I é uma das obras em que Chagall traduz o texto sagrado em imagem poética. Com seu olhar místico, ele transforma o episódio do Sinai em uma metáfora da luz que atravessa a humanidade, lembrando que o divino não está distante, mas pulsa dentro da experiência humana.

“A arte deve ser como a oração: uma janela aberta para o invisível.” — Marc Chagall

Deuteronômio – Semana 10

Deuteronômio – Semana 10

Nesta décima semana, a voz de Moisés se erguerá, e a travessia do deserto se tornará travessia da Palavra, como ponte que liga entre o passado ao futuro.

O deserto silenciara, a poeira dos quarenta anos repousara, e a voz de Moisés se erguerá como canto que atravessa o tempo (cf. Dt 1). E na quietude que sucede a marcha, antes que o povo atravesse o rio, o profeta fará da palavra a sua travessia, conduzindo o passado ao encontro do futuro e convertendo os erros antigos em lições de fidelidade e obediência à Palavra do Altíssimo (cf. Dt 2-4).

Moisés, maestro de lembranças, convocará os corações a cantar a fidelidade de Deus: a promessa feita aos patriarcas (Dt 1,8), a travessia das terras (cf. Dt 2,1-37), a provisão e proteção ao longo do caminho (Dt 2,7), a paciência de quem caminha (cf. Dt 3,23-29). O censo, os recintos das cidades, os limites das terras (cf. Dt 1,19-46) tornam-se pauta para a memória, convertendo o passado em canção de gratidão.

E quando a voz de Moisés ecoa sobre a planície, se erguerá o cântico da aliança: o Decálogo ressoa não como imposição, mas como pulsar de vida e caminho seguro para o povo (cf. Dt 5,1-22), conscientes de que a terra prometida não se alcança apenas com passos, mas com fidelidade (cf. Dt 6,1-9), eliminando da vida os obstáculos do pecado e da idolatria (cf. Dt 7,1-26), lembrando que a fidelidade se manifesta na obediência aos mandamentos, na justiça e na santidade (cf. Dt 8,1-20; 9,1-29).

E entre líderes e leis, a travessia da Palavra se desdobrará, convocando o povo a aprender com o passado e a caminhar com confiança. Moisés recordará o povo de suas jornadas, dos lugares onde o medo encontrou coragem e a fraqueza se transformou em força (cf. Dt 10,12-22; 11,1-32).

Entre cânticos e exortações, Moisés tecerá um caminho de luz, ensinando que deserto se faz escola, a memória em guia e o futuro se abre, vasto e seguro, diante de olhos atentos à voz do Altíssimo (cf. Dt 12-16).

Da melodia das lembranças à clareza da instrução, Moisés passará a ensinar sobre reis e profetas, sobre juízes e guerras, cultos e responsabilidades, traçando fronteiras de justiça e ordem, lembrando que a vitória pertence aos que confiam no Altíssimo (cf. Dt 17,1-20; 18,1-22; 19,1-21; 20,1-20).

E assim, entre memórias e instruções, o povo será chamado a entrar na terra não apenas com passos firmes, mas com o coração fiel e aberto à promessa que Deus está prestes a cumprir.

Eis, aí, o Deus da Palavra.

Ficou com alguma dúvida?

Nos diga abaixo que iremos te responder em nosso próximo encontro ou em nossa página de DÚVIDAS (clique aqui)

Exemplo: Encontro de Domingo - Gênesis 38-50